O fanatismo da tolerância
«O Governo socialista de José Luis Zapatero resolveu suprimir o ensino religioso, facilitar o divórcio e permitir o casamento de homossexuais. O objectivo é o “reequilíbrio” da Espanha, que, segundo parece, trinta anos de democracia deixaram excessivamente católica e “franquista”. Dentro do seu papel e do seu direito, o arcebispo de Madrid e o arcebispo de Valência convocaram uma pequena manifestação de protesto (160.000 pessoas) contra a “cultura do laicismo” e contra leis que alegadamente contrariam o “matrimónio indissolúvel” e a “transmissão da vida”. O Governo de Zapatero acusou logo a Igreja de se intrometer na campanha eleitoral (a 9 de Março há eleições), de fazer um comício como um vulgar partido (no caso, o PP) e de “ignorar” e “não respeitar” os princípios da liberdade. Em Espanha, e na “Europa” inteira, ninguém se lembraria de criticar ou de inibir manifestações contra o ensino religioso, pela facilitação do divórcio ou pelo casamento de homossexuais. Como ninguém se lembra de criticar ou de inibir manifestações por formas de autonomia nacional que roçam, ou até entram, pelo separatismo. E obviamente ninguém pede que se ponha fim a uma certa propaganda islâmica ou, se preferirem, de ensino corânico, que prega a perversidade essencial do Ocidente e tenta promover a sua expeditiva eliminação. Tudo isto a “Europa” acha legítimo; e sobre tudo estende a sua simpatia. Em contrapartida, cai o céu se qualquer católico, padre ou Papa, se atrever a afirmar activamente o que pensa. A “Infame” deve estar calada ou, pelo menos, ser discreta.
O fanatismo, o da Espanha (de Zapatero) e o da “Europa”, não é novo; e o fanatismo anticatólico também não. É só estranho que este se funde na “diversidade” e o aceitem em nome da “tolerância”. Uma “diversidade” imposta e limitada pela força do Estado, que não levanta a mais leve dúvida ou o mais leve incómodo. E uma “tolerância” reservada ou recusada pela ortodoxia oficial, que se tornou o argumento supremo da intolerância. O mundo moderno e a opinião que o sustenta autorizam o que autorizam e proíbem, muito democraticamente, o resto. As democracias, como se sabe, produzem com facilidade aberrações destas. Quem não gosta que se arranje ou se afaste. O Papa Ratzinger previu para a Igreja uma era de quase clandestinidade. Provavelmente, não se enganou.».Vasco Pulido Valente, Público de hoje
6 comments on “O fanatismo da tolerância”
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Olha, ó moço dos aventais, tens aqui mais uns exemplos para te indignares por causa dos impostos.
Tu ao menos até rejuveneces nesse temerário combate anti-fascista contemporâneo.
Estás aí um mocinho todo viçoso e revolucionário, que é uma maravilha. Deve ser dos trabalhos de culinária
“:OP
Mias do que reaccionário o VPV é um velho. Mentalmente velho, mais do que fisicamente.E,como todos os velhos cientes da própria decadência, torna-se insuportável porque se recusa a ver o mundo a não ser que ele caiba nas suas medidas.
O teu conservadorismo faz-te ceguinha, da pior cegueira, a que não quer ver.É óbvio que Zapatero não acabou com os costumes de um povo. Quem tem os costumes que tud defendes não os mudará por haver essa lei.
A lei não obriga dois homens ou mulheres a casar-se, nem ninguém a divorciar-se. O que mudou foram os costumes da maior parte da população espanhola. E é isso que os reccionários não querem ver. Mas mudou, e muito. Basta ter conhecido a Espanha há 30 anos e conhecê-la agora que não tem nada a ver uma coisa com outra. A democracia deu uma vitória a um programa político que propunha essas medidas. Como te disse até nem concordo com duas delas. Mas tenho de aceitar a razão da maioria. Que poderá ser mudada se o eleitorado assim quiser votando noutro partido.
O VPV não é faccioso? Essa é boa. Ele é atavicamente faccioso. Não sei se ele é ateu, nem me interessa.O que ele é, é um ceguinho.Pelo menos do olho esquerdo.
Já agora cumpre dizer que a fundação Mário Soares recebe do Estado uma gota de água no oceano do que recebe a Igreja Católica. E não pratica os crimes que essa Igreja praticou e continua a praticar.Ou o assassinato de João Paulo I e a história do Banco Ambrosiano já foram há séculos?
Ò pá, o jacobinismo de avental faz-te ceguinho? Até parece. Então democracia é mudar-se os costumes e tradições de um povo, por decreto, apenas porque uns anormais que sacam o poder acham que sim, que eles é que estão certos e o resto é para apagar?
Isto é que é a tua noção de democracia? A ditadura politicamente correcta contra o tempo longo e aquilo que nunca, por nunca, em tempo algum, devia ser transformado em lei positiva, apenas à custa da partidarite e do ganho de eleições, isto é que está bem, para ti?
Vai dar banho ao cão. O VPV até é ateu; mas não é faccioso .Por muito que lhe desagrade a religião, tem olhos na cara. Como qualquer pessoa que não seja tendenciosa.
P.S. os teus impostos pagam todos os bons dos lobbies maçónicos. E, por cá, até pagam fundações Mário Soares, que não bufas.
Não sou favorável a duas das medidas do Zapatero: o facilitar os divórcios e o casamento dos homosexuais. A família é um grande factor de equilíbrio individual e social, e facilitar os divórcios é facilitar a irresponsabilidade e a irreflexão.
Já quanto ao ensino da religião, como é que se pode impor aos outros uma mentira criminosa ( a católica/protestante é igual à do islão). Nenhuma das religiõess reveladas resiste a uma mais elmentar reflexão. E os meus impostos não tem de pagar a mentira, o crime e o fanatismo das religiões, quaisquer que elas sejam.Habituada a ter o suporte material e policial do poder político e económico desde Constantino, a Igreja Católica e os seus acólitos ainda não se habituaram a outro mundo.
Os católicos têm o direito de criticar Zapatero, como o fizeram. E este tem o direito de criticar a crítica. Ou será que não? A democracia de VPV é de vistas curtas.