Janeiras e galheiros

Quem no Ano Novo não estria, todo o ano pia

… e os tarecos para o galheiro!

Aqui vimos, aqui vimos
Aqui vimos bem sabeis
Vimos dar as Boas Festas
E também cantar os Reis

Nós somos romeiros
Ermitas, pastores BIS
E vimos cantar
A mando do Senhor.

Se nos quiser dar os Reis
Não nos esteja a demorar
Nós somos de muito longe
Temos muito para andar
Senhora que está lá dentro
Ó linda rosa encarnada
Mande a moça à salgadeira
Dar janeira avantajada

Janus bifronte,cadeiral da capela de Saint-Vulphy, Rue, França, século XVI
………………………

cantar dos Reis e festa dos Galheiros em Carrazeda de Ansiães

Esta casa é bem alta
Forradinha a papelão
Se nos querem dar os Reis
Botem cá um salpicão.

Esta casa é bem alta
Forradinha de cortiça
Se nos querem dar os Reis
Botem cá uma linguiça.

Esta casa é bem alta
Forradinha a madeira
Se nos querem dar os Reis
Botem cá uma alheira

Cernunnos da tradição Celta

Copenhaga, Museu Nacional, caldeirão de Gundestrup, séc. I.

O deus Cernunnos entre uma serpente e um veado, animais que também partilham da imortalidade e da muda de pele.

Alexandre interroga os homens selvagens vindos à procura da fonte da imortalidade.
(Paris, Romance de Alexandre, manuscrito do século XIV)

O homem veado, de pé bifurcado, condenado pelos concílios medievais mas permanente no tradição popular dos campos. Representa o curso da floresta, o madeiro que todos os anos morre para voltar a renascer- os galheiros onde se enfiam os chouriços para que o novo ano se anuncie pela fertilidade e abundância.
É também o Actéon, metamorfoseado; o Hernes; Henequim, Hellequin, Arlequim- Kernunnos; o cavaleiro abandonado na floresta, tornado homem selvagem, armado com o seu bastão combatendo contra o duplo com arco- no sincretismo do homem-centauro.
…………
GAIGNEBET, Claude, Lajoux, J. Dominique, Art Profane et Religion Populaire au Moyen Âge, P.U.F., Paris, 1985

ver também aqui

9 comments on “Janeiras e galheiros”

  1. tolilo says:

    eue estrio e pio

  2. zazie says:

    Muito obrigada pela informação. Já lá fui e gostei muito, principalmente do janus das portas. Está nos links

  3. nnannarella says:

    Estava convencida que ontem tinha cá escrito algo. Pelos vistos, embrenhei-me nas leituras e esqueci-me de deixar pegada. Muito prazer em conhecê-la, incenso, também porque adoro estes seres de fábula e de significâncias. Também se encontram em capitéis de claustros…:) Acho que vai gostar de dar uma espreitadela na Emma. Dias bons!

  4. zazie says:

    És uma simpatia mas olha que foi post feito à pressa.

    Mas gosto muito de Carrazeda do Ansiães.

  5. O Réprobo says:

    Imagens fabulosas e aparelho crítico a condizer, Querida Zaz. Vou mandar para Cá um Aigo de Carrazeda.
    Jokas

  6. zazie says:

    Mas tem muita piada porque é mais uma representação da divindade rodeada pelas animalias. Tal como no Orfeu.

  7. zazie says:

    Obrigada. É, mas não faço a menor ideia. Não sei nada da mitologia indiana.

  8. Karl says:

    É interessante, há uma imagem de Shiva, encontrada num selo em Harappa, que é muito parecida com a de Cernunnos. Aqui está um link:

    http://www.geocities.com/indianpaganism/pasupati_lotus_1.gif

Comments are closed.

↓