Do ministério da deseducação do ensino

Assim até parece que por aqui, no Cocanha, ainda se defendia a anormalidade a que chegou o ensino. Estava a brincar com o Tim , a ver se também entrava na listinha.

Os textos certeiros sobre o assunto foram estes

José da GL: A poesia do ensino nacional

«(…)Não deram por isso, uma vez que tinham metido por atalhos e comungam ainda as hóstias sagradas dos princípios básicos dos manuais diversificados, no ensino marcado pelos apelos as ideais que cantarão ainda em vida dos seus seguidores. São novos religiosos da utopia laica.
A autoridade, para estes utópicos, situa-se, como instrumento nefando, no seio da própria sociedade que segrega os mecanismos de exploração que é sempre do Homem por outro Homem. O professor, os pais, a escola, a Igreja ( faltou esta), a tropa e o poder político, são apenas as figuras visíveis da super-estrutura que importa desmantelar para se atingir esse nirvana nunca alcançado, mas sempre prometido aos crentes: o fim da exploração e o da suprema igualdade revista no ideal comunista, anunciado e prometido pelos mestres desse evangelho do Homem Novo.(…)

Dragão: A Mentefacção e a mentecaptura

«(…)Abram os olhos, ó cavernícolas. Larguem a droga, amiguinhos! Há um problema muito maior do que a máquina de ensino funcionar mal: é o haver uma máquina de desensino, de deformação e de perversão a funcionar às mil maravilhas. Com total impunidade, tranquilidade, ubiquidade e ininterrupção; mais a bênção completa das autoridades e o enlevo pacóvio e macacóide dos cidadãos. Uma locomotiva que desensina não apenas os filhos, mas também os pais; não apenas os governados, mas também os governantes; não apenas os alunos, mas também os professores. De que adianta mandar uma equipa de pedreiros levantar uma casa, oito horas ao dia, e, ao mesmo tempo, ter um buldózer dia e noite a escavacá-la? Como entulho artístico, como heteroclise, como absurdo, até poderá ter o seu fascínio, não discuto; mas como civilização, garanto-vos, é o suicídio colectivo. Ninguém precisa de nos atacar. Basta-lhes ficar à espera.(…)»

19 comments on “Do ministério da deseducação do ensino”

  1. José says:

    isso está ser feito zazie, já está um texto em apreciação noutros doutores, arqueólogos e semióticos, e vai ser feito, palavra de z!

    no cristianismo celta é um valor adquirido, nós por cá é que isso é considerado lírico, idílico, utópico e sei lá, ignorância de espertos

    bom, vou xonar cedinho como sabes, coisas de garnisé

    beijo

  2. zazie says:

    Seja como fôr ainda hei-de conseguir trazer a dimensão sagrada da paisagem para cima da mesa dos neopositivistas

    E fazias tu um grande serviço público, palavra.

  3. José says:

    Obrigado pela resposta zazie. Não estava a confundir com a melancolia, mas assim a noção de acedia ficou para mim mais nítida.

    Eu na Idade Média teria sido literalmente queimado nas fogueiras, como me disse uma vez um frade dominicano em Toronto, porque sou demasiado curioso e irreverente.

    aqui fui queimado virtualmente, e num certo sentido realmente, mas confesso que numa lógica de fénix sempre é um pouco mais promissor. Ou talvez não.

    Seja como fôr ainda hei-de conseguir trazer a dimensão sagrada da paisagem para cima da mesa dos neopositivistas

    z

  4. zazie says:

    ehehe

    Boa pergunta: o que é que eles estão a discutir…

    Tu não sabes o que é conversa de mulher? acaso há lógica ou assunto em conversa de mulher?

    “:O)))

    È mais ou menos isso com a novidade de se julgar que é assim que se vende agit prop situacionista

    (Quanto ao combóio acho que é um objecto que ele nunca viu, quanto mais meter-se lá dentro)
    ahaha

    Aquilo é propaganda de marca. Mas mais gira é assistente. Faz lembrar aqueles nºs de magia, em que há sempre uma tontinha, cheia de lantejoulas, que se oferece para ser hipnotizada e depois desata a repetir o que o mestre manda.

    “:O)))

  5. Miguel says:

    eu nao percebo aquela confusao toda la’ pelas bandas do Valupi… o que e’ que eles estao a discutir?

    um tipo nao pode fumar num pavilhao desportivo, nao pode andar nu no autocarro, nao pode ter o telemovel ligado na sala de aula. Se se recusa a cumprir a regra, deve retirar-se (ou ser, gentil e firmemente, retirado). Qual e’ o problema? Deve haver aqui um problema conceptual que nao estou a atingir.

    Estou cada vez pior e cada vez mais como o Dexter …

    MP-S

    PS: o que e’ que o Valupi diz quando apanha no comboioi com uns melros que gritam entusiasmadamente durante horas para o telemovel?

  6. zazie says:

    Quanto a essa nojeira dos grafittis (que faz parte dos meus grandes ódios de estimação)em Inglaterra há linha verde para chamar imediatamente a polícia. tudo é apagado e dá direita a cadeia. Por cá existem concursos camarários e até escolares para os iniciar nessa forma de “arte”.

    Os graffitis são o exemplo por excelência do destrambelhamento desta terraplanagem de desrespeito geral- De tal modo que até são iguais em toda a parte- é a globalização da grunhice dos farruscos sem fronteiras.

  7. zazie says:

    Mas, se queres um exemplo máximo de como são os adultos mais imbecis que os putos, vai ao AspirinaB

    Aquilo por lá deve ter patrocínio de vendedor de telemóveis ou publicitário de alguma operadora.

    É que estes idiotas sofrem daquela doença do “é preciso acompanhar a juventude”.

    Não sei se sabes em que se traduz. Mas eu sei. Geralmente traduz-se precisamente no que o Dragão escreveu- há modas imbecis que se instalam, vendendo imbecilidades, e há adultos que as macaqueiam, tanto quanto os míudos.

    E isto tanto é válido para telemóveis, como para novelas, como para falta de valores.

    Basta encasquetarem esse doença do “futuro”. Há gente que acredita que o ser humano pode mudar e criar valores novos de um dia para outro- quando o que se passa é que estão a ser influenciados e deitar fora os poucos que ainda tinham, ou aquilo que é intemporal e que nunca se deve largar.

    Mas um progressista é isso- uma cabecinha tonta- uma barata desnorteada, um taralhouco que corre atrás do primeiro que vê a fugir em frente. Por isso agora até já dizem que um telemóvel é o equivalente a um diário íntimo e defender a sua posse pode ser o mesmo acto de coragem com que os “poetas defendiam os seus escritos clandestinos da Pide”.

    Um gajo que escreve isto, é louco ou vendedor de telemóveis?

    Eu vou pelos 2- é publicitário.

  8. zazie says:

    Z:
    A acedia é aquilo a que erradamente se chama a preguiça. Era a preguiça espiritual. Podia ser a responsável pelos sermões com palavras comidas, que davam origem a grosserias. O problema não era a indolência física, mas a falta de diligência na glorificação da vida, na caridade, nos bons empreendimentos. Era o desleixo do vazio espiritual que levava ao abandalhamento, ao rancor, à transformação de tudo o que dever ser uma dádiva na frouxidão de quem o não deseja e na reactiva do despeito vingativo.
    Era um tremendo pecado porque nada podia ser mais negativo a ausência de júbilo por Deus.

    Não achas que a Idade Media era bem mais inteligente que os nossos dias?

    Tu estavas a confundir com a chamada bílis negra- a responsável pelo “humor merencórico” como lhe chamava o D, Dinis que sofreu dela. Mas a melancolia era outra coisa- foi até uma das formas mais interessantes de reflexão pessimista sobre o mundo. Tens o exemplo da famosa gravura do Durer.
    …………..

    MP-S,

    “Professor”- os astrónomos andam por aí a monte. Não sabias que se pode criar observatórios para tudo? Olha, a droga alimenta muita boquinha. Não fosse ela e não havia tanto tacho de observadores a tentarem ler nas estrelas o modo de a perpetuar para eles a estudarem

    “:OP
    Aquele vídeo só pode ser novela. Porque qualquer pessoa sabe como está o mundo. Há décadas que a generalidade dos países da Europa tem nº~s de linha verde para urgência de professores espancados.

    Fingir que isto não existe, à custa da tourada do vídeo é puro branqueamento político, ou absoluto estar-se nas tintas e hipocrisia.

    Tu hás-de saber, como eu sei, o que se passa em França, na Holanda, em Inglaterra. Do mesmo modo que sei (e até já vivi) alguns desses exemplos com mais de 15 anos.
    Donde me recuso a entrar no folclore novelístico de fazer deste um case study.

    Quanto à indisciplina é outra imbecilidade. Porque uma coisa é indisciplina com respeito por hierarquias e autoridade e outra a grunhice que nem precisa de criatividade ou inteligência para medir força com profs ou fazer tropelias.

    Claro que politicamente só se pode falar disto em função das directivas dos imbecis que manietaram os profs e lhes retiraram todas as defesas para puderem usar a autoridade necessária.

    Fora isso o que o Dragão diz não é que não deva ser a Escola a resolver a falta de respeito.

    O que ele disse é que é a publicidade e marketing que já transformou todos em consumidores de imbecilidades.

    Porque o que se passa até é o contrário. Estas anormalidades pedagógicas são totalitárias. Ao contrário do que se diz, são mil vezes mais totalitárias do que eram há 20 ou 30 anos em toda a parte, incluindo em Portugal.

    A nossa escola anterior ao 25 de Abril até era menos autoritária que qualquer escola inglesa com democracia. Aí entra a paranóia do “facismo” que é patologia mental exclusivamente da casa.

    Porque, o nosso Estado, não é irresponsável por não se intrometer, como dá ideia que tu estás a dizer- é responsável por se ter intrometido demais fazendo asneira- fazendo do ensino a tal parvoeira do circo de “trocas de experiências” sem hirarquias.

    As nossas escolas são um bando de mesnada por parte de profs, sem direcções separadas dos pares, contra outro par de mesnada por parte de alunos e pais que estes imbecis ainda querem atribuir valor percentual na classificação dos ditos professores.

    E vais ver que esta imbecilidade dos vídeos (que não dizem nada e só são novidade para quem se armar em sonso) ainda vão servir para propaganda de criação de mais comissões e não sei quantas burocracias paralelas.

    A menos que estejam tão mal de dinheiros que façam um manguito a todos estes “observadores especiais” que já se meteram na bicha.

    E, se fizerem, vai ser para seguirem o conselho da destrambelhada da Aninhas, escolhendo 2 ou 3 casos de amostra, fazendo a tal punição “exemplar” seguida de flagelação e auto-crítica xuxialista, e depois deixar passar. O que é novela num dia, está esquecido no dia seguinte, porque se inventa outra historieta para o povão se entreter.

  9. Miguel says:

    Nos meus tempos de liceu, tambem fizemos a cabeca em agua a alguns professores mais “nabos”; outros , pelo contrario, mantinham-nos em respeito. Deve ser sempre assim. O que nao tinhamos era os telefones ‘a mao. De modo que ja’ estou perdido e nao vejo nada de especial no video – apenas parvoice generalizada naquela sala de aula.

    Como diz o Dragao muito bem, se o pessoal passa o tempo a ser estimulado para ser bronco e grunho, por que carga de agua havia de ser a escola a resolver a equacao? Seria ate’ um contra-senso. As fardas e os rankings e os premios sao o chamado pensamento magico: astrologico e economicista ‘a la Denvil Dexter. Grande exigencia na escola e bandalheira ca’ fora – a comecar na tv e a acabar nos grafittis e automoveis e escarros no passeio. Havia de dar grande resultado… :O)

    MP-S

  10. José says:

    zaziiieee! Conta-me lá por que é que a acedia era o principal pecado da Idade Média? Para ser classificado assim deve ter sido porque deu uma depressão geral e vá de tentar contrariá-lo. Já agora qual era o remédio que eles prescreviam? Contra a preguiça era a diligência, mas a acédia deve ser um pecado composto de tantos por cento disto e não sei quantos de outro, dentro dos pecados capitais, não?

    espero que estejas meiguinha a pastar hoje

    z

  11. M.a.d. Billy says:

    Zazie,

    Adorei a tal “luta” no Aspirina B.
    Esteve b-r-i-l-h-a-n-t-e!

    Com respeito
    Paulo J. Vilela

  12. zazie says:

    Voltei à sua pergunta. A da escola democrática. Muito sinceramente nem sei o que é isso. A generalidade das instituições não pode ser democrática, se é que se entende por isso, todas as decisões irem a voto.

    O ensino, por cá foi transformado em “ensino/aprendizagem; e chama-se educação/formação, tendo um único padrão, completamente totalitário.
    O totalitarismo é que foi a tal conquista democrática contra o modelo “discriminatório e prepotente” dos 50 anos de “fascismo”, que ninguém sabe o que é mas papagueia.

    No resto, infelizmente caminhamos todos para a famosa “modernidade civilizacional”. Só falta a “reciclagem” dos encarregados de educação, para termos a cidadania plena do Big Brother.

  13. zazie says:

    Muito obrigada. Seja bem-vindo. O tratamento é como cada um quer.

    Palavra, o facto de eu tratar alguns amigos mais próximos por v. e outros por tu é questão absolutamente aleatória. Nem a sei explicar. Calhou de ficar assim, como podia ter dado o contrário.

    Muitas vezes trato por v. e depois até mando beijocas. Ou dá-me para “encasquetar” que são putos, mesmo sabendo que até podem ser cinquentões.

    ehehe

    Quanto à escola, tenho uma ideia que está abandalhada e banana, se isso é democracia, já não sei.

    Sei é que há quem diga que esse estado caótico é uma conquista democrática.

    Mas as anormalidades maiores até acabei de as ler, vindas dos conquistadores democráticos, como a revcolucionária Ana Gomes e de um aspirante a “astrónomo social”, feito cronista no DN. Foram citadas nestes mesmos blogues que eu recomendo.
    “:O))

  14. Andava eu a dar um pequeno passeio pelo Aspirina B quando me deparo com uma série de comentários assinados “zazie” que tiveram em mim, sucessivamente, estes efeitos: primeiro lembrei-me das diabruras duma outra Zazie no Metro; depois zanguei-me um pouco com a paralisia que o fantasma do fascismo ainda provoca em muitas mentes; e finalmente dei comigo a pensar “ah, grande mulher” (o que espero que não seja interpretado como machismo da minha parte).
    O que eu acho é que você tem toda a razão: enquanto não superarmos os traumas do fascismo não poderemos dotar a escola democrática da necessária autoridade para que ela funcione.
    Mas será que a escola portuguesa actual é mesmo democrática?

    PS. Desculpe não a tratar por tu, como parece ser norma neste blogue. Se for ao meu blogue e me tratar por tu, prometo aceitar o tratamento e adoptá-lo quando voltar a comentar aqui.

  15. CC says:

    Cruzamo-nos agora. Bem a tempo, portanto. Só não sei ainda bem do quê.

    Beijo. Mais um.

  16. zazie says:

    Não me lembro de alguma vez nos termos cruzado em trocas nos comentários de qualquer blogue. Era apenas isto.

  17. CC says:

    Sou, até ver, eu mesmo. E tu?

    Beijo.

  18. zazie says:

    ah, que simpatia. Mas tu és quem?

  19. CC says:

    Grande abraço, zazie.

    E um beijo.

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