Segredos da natureza

Aqui fica hoje uma uma receita secreta, que pode aplicar durante os trabalhos campestres próprios da estação.

herbário, c.1320, Biblioteca Nacional de Florença
Ingredientes:
– uma boa árvore de alcaçuz;
– um bode e uma cabra com genica,
– um diabinho dócil;
– um trabalhador a picareta, disposto a muito esforço;
– um Paraíso Terrestre perto de si;
– uma verdadeira montanha de lápis-lazúli e um dragão.

Primeiro, procede-se à apanha do alcaçuz, com a ajuda de um diabito e de umas pequenas judiarias estimulantes a um bode.

Depois, segue-se a segunda parte, com a extracção do lápis-lazúli, o que implica uma pequena deslocação lá para as bandas do Paraíso.
De acordo com Alberto o Grande, estas antigas gemas ainda mantêm no interior os efeitos milagrosos das estrelas e raios solares que as criaram, razão pela qual as montanhas que as guardam costumam estar defendidas por um dragão.

Por fim, procede-se à mistura milagrosa. Tritura-se muito bem o lápiz-lazúli e mistura-se o pó obtido com leite de cabra e o alcaçuz (nesta altura, convém que bode e o trabalhador a picareta se retirem) e deixa-se secar.
Os prodígios da pasta estão bem credenciados. Tanto a serve para esfoliações de limpeza na banhoca, como para tirar a febre, ou mesmo para intervenções em cegueiras momentâneas.

Se lhe faltarem ajudantes, tem sempre o recurso de encomenda online. Mesmo assim, convém ter cabrita ou bode a jeito, para as diabruras com o sabonete.
Quanto aos efeitos, também pode ir à confiança — não ligue à cegueira momentânea que depois costuma passar.

11 comments on “Segredos da natureza”

  1. Gomorra says:

    Para quem gosta de testemunhos de pedofilia na Net, leia e divulgue…
    Já prescreveu…

    http://asvicentinasdebraganza.blogspot.com/2008/04/quando-uns-despertam-j-noite-ia.html#links

  2. José says:

    mando sim, mas só consigo amanhã, porque tenho de fazer a foto primeiro e hoje ainda tenho que ir para Lisboa.

    Fica prometido para amanhã.

    Lá no brasiu, ou maputo, ou outros, falam como eu.

    pois os lugares sacros, hoje veio cá um jornalista para agarrar a história, acho que já está

    beijos

  3. zazie says:

    «queres que te mande alguma coisa bonita? »

    ahahaha
    Tu és tão engraçado, z., és tão acriançado naturalmente
    “:O))))
    Acho-te muita piada por estas pequenas coisas tão desconcertantes e agarotadas que eu também sou capaz de dizer sem me dar conta
    “:O))))
    Manda o do Vandelli, pois, que eu também não vi a exposição.
    A seguir vou fazer mais um post com Paraíso (e um deles até é nosso) e já vais ver como o sagrado e o profano sempre se misturaram. Mas misturaram nos lugares sacros, não nos profanos.

    Beijocas

    (eehhe, ainda me estou a rir com “queres que te mande alguma coisa bonita)

    ehehe
    és um puto.

  4. José says:

    queres que te mande alguma coisa bonita? Diz lá uma coisa, talvez eu tenha, ou então se quiseres mando-te uma foto de drago do Vandelli, que preguiçoso que eu fui de não ter ido à esposição de Coimbra

    beijos

  5. José says:

    mas nãao queres deixar isto do Paraíso/Eternidade tratado para irmos brincar de outra coisa?

    Se dissermos que o tempo comporta duas dimensões, uma sagrada e outra profana, representado como um número complexo e não um número real, o problema fica resolvido ou muito encaminhado, porque não quero condenar ninguém a ir para lá.

    já guardei o Bosh, obrigado

  6. zazie says:

    Ressuscitar não me parece, z. Se assim fosse, tínhamos o Milénio. E, não foi por acaso que o Adão trouxe uma sementinha da árvore do Conhecimento- o Paraíso/Eternidade está por se realizar (este é o lado utópico bíblico.
    Agora o dragoeiro que também aparece no Jardim das Delícias, consta que foi copiado de gravura da Crónica de Nuremberga, do Hartmann Schedel, que foi obra muito divulgada na época. O dragoeiro já tinha sido desenhado pelo Durer e por Martin Schongauer.
    O sentido não é certo, uma vez que existem muitas leituras alquímicas do Bosh. Mas deve estar associado, de facto, ao poder milagroso da seiva do dragoeiro (cor de sangue) e ligada ao efeito do poder do sangue de Cristo na Eucaristia. Porque o Dragoeiro do Bosch está envolvido por gavinhas com cachos de uvas. Por isso seria apenas “Cristo em nós” no sentido da sua “encarnação” nesse momento da Missa.

    Quanto ao druida, acho bem. Eu cá devo ser mais estilo Obelix, caí na poção à nascença

    “:OP

    (a história da sementinha anda por aí, nos arquivos, a propósito das sementes e árvores dentre de relicário, do David Lynch)

  7. José says:

    pois então parece-me que Cristo está ressuscitado em cada um e em todos nós?

    achas bem?

    eu cá sou druida

  8. zazie says:

    ahahha Dragão, até ia escrevendo com maiúscula, dado o engano. Os teus parentes são assim- aparecem por tudo quanto é lugar mítico.

    ………….

    z: Acho que já falei disso- o dragoeiro até aparece no jardim do Paraíso do Bosch, precisamente com esse sentido da seiva cor de sangue de Cristo. Temos um muito bonito em Algés.

  9. José says:

    E sangue-de-dragão, não me sabem dizer nada sobre isso?

    É a resina do dragoeiro, e o ‘meu’, que anda ali todo florido que agora é a modos que romano, de vez em quando olha para mim como se me faltasse ainda tratar de alguma coisa…,

    eu sei que o sangue-de-dragão dava para tinturaria, e também para fazer rubis_balas, que eram um rubis falsos feitos de quartzo incolor pintado com a resina.

  10. dragão says:

    Que envolvas parentes meus nas tuas confeitarias é que eu não acho bem.

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