Os beija-cus- uma temática sempre actual
[reposição de reposição 2012 de reposição… de 2007]
Vai abrir uma nova “loja” para iniciar jovens, dos 12 aos 21 anos, em princípios e rituais. * ou, o Carbúnculo quer-se tomado de pequnino.
Em versão “rapa-tacho para a juventude”; com presunção q.b. e sem vergonha na cara (agora em farsa entre tenda pura contra tenda impura) este ainda continua a ser o melhor engenho para se manterem no palco.
Chega-te, baixa-te e adora-me, poderia ser o sentido primordial da frase.
Os mais antigos cultos a Lúcifer incluíam este ritual do beija-cu. Segundo as lendas praticaram-no muitos, desde maçons a bruxas, passando por cagots e demais confrarias de artesãos marginais e heréticos, incluindo nessa crença os Templários, como é referido nas acusações de Filipe IV que levaram à sua extinção por bula papal.
As ramificações destes rituais e suas ligações aos ciclos da natureza são complexas, acabando, em muitos casos, por se entrosar com o folclore e festas populares.
O principal signo de onde vão emanar temas cristãos e outros satânicos prende-se com o osso em que terminava a coluna vertebral, em forma de amêndoa ou mandorla também apelidada mandala. Acreditava-se que era o único elemento incorruptível do corpo, cuja natureza sobrenatural o sujeitou a variadas associações que tanto podiam ir da auréola divina em que se envolve o pantocrator, como à luz que permite o renascimento cósmico dos corpos, o guilgal do ciclo das reincarnações. Central em rituais sabáticos e festas carnavalescas, esta crença hoje perdura na tradição dos carnavais de homossexuais de Nápoles, que emitam a mulher grávida a dar à luz um boneco de madeira em forma de bode cornudo
Os maçons primitivos recolhem estes cerimoniais, em virtude da sua dupla condição: por um lado são os obreiros da Casa de Deus, mas por outro necessitam dos segredos aritméticos e dons do domínio da matéria que pertencem ao príncipe das Trevas. São o exemplo mais antigo do “cientista” desafiando o criador do alto da torre de Babel e mais tarde trocando o culto de Nemrod pelo apóstolo da dúvida: S. Tomé, sem deixarem esquecer os ritos de adoração luciferina
No caso dos Templários as práticas satânicas são mais complexas, persistindo memórias em imagens como as do cadeiral de Amiens
Na primeira o noviço é apresentado completamente nu e os iniciadores passam-lhe a mão por trás para verificarem se é “bem formado”.
No segundo exemplo já estamos em pleno ritual, um tanto embaraçoso para ser explicado…
O iniciado senta-se e abraça-se ao “pote das rosas”. Depois os outros dois vão fazer uns “malabarismos” complicados que incluem uma velinha a ser enfiada num sítio que eu não digo, enquanto lhe é vertido o vinho (a tal água de rosas) ao longo das costas até ao dito local da rendição. O colega tem de o beber, aí mesmo, com a narigueta por lá enfiada (daí chamarem-lhe “beber amarrado”). Pelo meio ainda há mais umas “partes gagas” que incluíam o “beber no tabuleiro” que não conto e depois trocavam as voltas e repetiam tudo de novo como bons camaradas.
O certo é que imagens e descrições não faltam e não se ficam pelos sabbaths do Goya. Em pleno século XVIII publicam-se estampas com alguns destes rituais, entretanto civilizados, como as iniciações femininas maçónicas, em que as candidatas eram rigorosamente escolhidas a dedo (e não só), já que a coisa implicava grandes exigências estéticas com exames púbicos mas pouco pudicos. Na gravura do ritual para-maçónico, recolhida pelo Abade Pérau, uma menina prepara-se para beijar simbolicamente o traseiro do mestre, neste caso sob a forma de um cãozinho de cera muito mignon.
A partir daqui juro que não sei mais nada e, se me pedirem com bons modos, até sou capaz de imaginar que tudo isto caiu em desuso.
…………………………….
Em 2007 terminei o post com esta passagem:
[De qualquer forma, se é português, ainda vive cá dentro, e está interessado em acompanhar variações de beija-cus mais actuais, o melhor é seguir as historietas onde os bodes-devoristas ainda não ditam lei- no mundo virtual].
Quatro anos depois, acho que me enganei. Ditarem leis ainda não ditam; mas ao tempo que já por cá andam…
Imagens:
—Antigo Testamento, manuscrito do sec. XIV, os pedreiros da torre de Babel, unidos por uma única língua, desafiam Deus fazendo-lhe facécias e o Sopro Eterno castiga-os.
—Heresia dos Vaudois, manuscrito do séc. XV. Beijo do cu do diabo durante um sabbath.
—Beija-cu, portal da catedral de Saint-Pierre, Troyes, sec. XII.
—Cadeiral de catedral de Amiens, séc XVI, apresentação do noviço para o rito iniciático
—Cadeiral de catedral de Amiens, neófitos vestidos de loucos ladeiam o iniciado com o “pote de rosas”
—Beijo do rabo do cão, gravura da compilação do abade Pérau, 1758.
(ver: Claude Gaignebet et J. Dominique Lajoux, art profane et religion populaire au Moyen Âge, Paris, PUF, 1985.)
Entretanto, acrescento. Via Blasfémias Consta, como vem na capa do Sol, que os mija-nos-finados iguais, também querem ter direito a des-baptismo ateu, provavelmente praticado pelo Bode-Esperança e Vigária-Científica-Palmira.
30 comments on “Os beija-cus- uma temática sempre actual”
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Viva Zephyrus,
Pois v. sabe muito mais do que eu a este respeito e ainda mais nas suas ligações actuais.
Sabia que a sodomia e o “impregnar de esperma” fazia parte da tradição do mannerbund. Falei por alto (com muita cautela, até, para não me chatearem) nos posts que fiz acerca disso.
Desconhecia que esses rituais ainda existissem no presente.
Quanto ao Baphomed, sim, é daí que vem a iconografia (e supostamente a tradição do culto) mas, hoje em dia, tudo isto me parece uma gigantesca farsa que apenas servirá para protecções e encobrimentos à Casa Pia.
Se houve comboios neles, não sei. Mas é sujeira em excesso e não há qualquer forma decente de defender estes lobbies numa democracia.
Quanto a mim, nem numa ditadura, para falar francamente. E na ditadura a ver se não estiveram secretos.
Esse secretismo, fora de toda a influência de poder, será o ideal- Entretenham-se com os aventais e as cozinhas” mas não façam do povo parvo.
Há duas vias espirituais.
Uma passa por ser celibatário. Sexo só para procriar. Outra por usar o sexo em práticas mágias, e aí o ritual pode envolver masturbação, sexo normal, sexo oral ou sodomia. Esta última via surge, por exemplo, na Igreja Satânica de La Vey, em rituais do paganismo e do neo-paganismo ou na na OTO. É tida, creio, como uma prática de magia negra. A magia, acrescento, não é boa ou má. A força espiritual utilizada é a mesma. Pode ou não estar de acordo com as leis cósmicas. Quando as quebra, é negra.
Não é por acaso até que o sacro tem a forma do princípio feminino, um triângulo invertido. Tal como o Monte de Vénus feminino. O princípio masculino é representado por um triângulo: a glande do pénis erecto é a ponta do triângulo, o escroto faz a base.
O sacro é um ponto energético inferior, por oposição ao ponto energético superior, da sabedoria, a glândula pineal. É o ponto da sensualidade, da luxúria, onde se concentral energias associadas a desejos baixos, impuros. Diz-se até em vertentes esotéricas que os homossexuais têm essa condição por terem uma excessiva concentração de energias nesse ponto energético do corpo.
Não sei se beijar o rabo do bode é um culto a Lúcifer. Diria antes que é um culto a outra entidade, a Baphomet. São entidades distintas, creio. Lúcifer é Prometeu, aquele que dá a luz. Mas aqui a especialista em simbologia é a Professora!
Zazie conhece a figura de Baphomet? E o que sabe sobre Pã?
O que está agora a suceder é uma guerra entre a Opus Dei e a Maçonaria. Essa guerra é antiga, anterior à Opus Dei, e opõe duas facções no território da raça-raiz Ariana. Ocorreu, por exemplo, na Idade Média, entre Templários e Igreja Católica, e até já ocorria antes do nascimento de Jesus.
Também há outra guerra, antiga. Contra os semitas, contra os judeus. O Estado de Israel é um erro, e o povo judeu só escapará ao seu triste destino milenar de diásporas, perseguições e matança se abdicar do seu nacionalismo extremo. O Estado de Israel acabará destruído, e lamentavelmente daqui a uns anos ou décadas verão que tenho razão.
Na Idade Média havia várias tendências dentro da Igreja. Os próprios maçons estavam lá integrados, antes de se separarem, mais tarde. Os Templários eram gnóosticos, seguiam uma tradição algo diferente, que mistura cabala, hermetismo, alquimia, magia ou esoterismo cristão. O Convento de Cristo em todos os aspectos é um templo esotérico, com referências à cabala, à geometria sagrada ou ao hermetismo. Tal como a Catedral de Notre-Dame, com o seu pavimento branco e negro, idêntico ao dos templos maçónicos actuais, a lembrar a velha máxima hermética «The All is Dual». E muitos mais templos templários estão recheados de esoterismo.
Um aspecto interessante ligado aos Templários é a figura de Baphomet, tão bem retratada por Eliphas Levi. Surge actualmente onde menos se espera com imensa regularidade, na música pop, cinema, moda e até em bailes das altas classes europeias e americanas.
Na OTO, num dos rituais de um dos mais elevados graus, creio, há sexo anal homossexual. A OTO de Aleister Crowley, penso que a zazie sabe do que se trata. Consta que Aleister Crowley andou fascinado com os Templários, e quis investigar por que motivo estes eram acusados da prática de sodomia. Parece que descobriu umas coisas esotéricas sobre a coisa, e ele próprio foi possuído por amantes em rituais.
Aleister Crowley foi um dos difusores da magia sexual no mundo contemporâneo. Embora quase ninguém em Portugal o conheça, este autor ocultista, fundador da OTO, é muito popular entre as elites anglo-saxónicas. Aleister Crowley, nos seus diários, refere diversar práticas de magia sexual, que na realidade já surgem na literatura da Antiguidade pré-cristã.
Um dos rituais mais antigos que se encontra na Humanidade envolve a prática de sexo oral homossexual e a ingestão de esperma. Este ritual foi praticado na Grécia, entre o mestre e o aprendiz. O esperma é tido como uma fonte de vida e de sabedoria, ao dá-lo ao discípulo o mestre oferece parte da sua energia vital, pelo que se trata de uma grande honra. Este ritual foi praticado até décadas recentes numa tribo da Papua Nova-Guiné que esteve isolada de contactos com estranhos. Os jovens pré-adolescentes eram tirados às mães e durante anos praticavam sexo oral a adolescentes mais velhos. A meio da adolescência os rapazes começavam a deixar de ser o agente passivo na prática e passavam a ser o agente activo. Por volta dos 20 a 25 anos abandonavam os rituais homossexuais para coabitar com uma mulher pela primeira vez. O sexo era sempre visto não como fonte de prazer, como se faz actualmente. O sexo com uma mulher visava a reprodução e «manchava» o homem, retirava-lhe pureza, era encarado como um ritual de fertilidade, quase um mal necessário. Quem já perdera a virgindade como uma mulher não podia dar esperma a um jovem virgem (heterossexualmente…), pois este ficaria impuro e o seu desenvolvimento seria ameaçado. Estes nativos acreditavam que o sexo oral e a ingestão do esperma tornavam os homens guerreiros mais fortes e inteligentes.
No paganismo romano também surgem rituais que envolvem sodomia. Nero participou em dois casamentos místicos com dois homens, num dos quais foi sodomizado publicamente. Diz-se que gritou como uma jovem virgem ao ser desflorada.
Suspeita-se que na Maçonaria haja a prática de sexo oral entre homens em rituais, com base em passagens de autores como Albert Pike.
Portugal é um país católico, onde o esoterismo tem pouca tradição e penetração nas suas elites. O mesmo não sucede em França, Reino Unido ou EUA. Em Bohemian Groove, propriedade onde se encontram as elites americanas durante o Verão, são praticados rituais a Moloch, e correm boatos sobre a prática de sodomia. Por lá passaram diversos presidentes americanos, como George W. Bush ou Bill Clinton.
Henrique:
Ainda a propósito dos contágios entre a mandorla e a mandala- nas derivações das mandalas góticas deixo-lhe aqui bibliografia.
Se tivesse tempo até fazia um post sobre o assunto- apenas com as referências bibliográficas porque, no meu caso apenas me interessa o tal estudo do Tchi (por aparecer na iconografia manuelina).
Quem se interessou por isto foi o Baltrusaitis. Nem tudo o que o Baltrusaitis diz é lei, porque ele tinha tendência para puxar a brasa à sua sardinha e fazer derivar grande parte da iconografia ocidental desse fundo oriental. Ainda assim, mesmo com as reservas necessárias, eu tenho-me dado conta de casos em que é impossível negá-los. O caso do tchi, por exemplo.
Ele compara a mandala às rodas celestes do gótico, incluindo até contágios com a arte dos Budas- o Kafrak. As mandalas que também se encontravam no Tibete e no Japão, como figuras cósmicas- as mandaras – em tibetano. Depois transita para as tais rodas do céu que aparecem nas representações do zodíaco e nas psicomaquias de vícios e virtudes que as incluíam. Vou fazer post para se perceber melhor.
Por agora deixo aqui bibliografia: Mandalas, De haut en bas et de gauche à droite: Tripitaka, Encyclopedie boudhique. Les joies et les Triomphes de la Vierge, par W. Traut, c. 1510. Les Vices et les vertues, Nurenberg, c.1490
H. Maspero, « Mytologie de la Chine », (ver em : Mytologie asiatique illustrée, Paris, 1928.
(já tinha consultado estas referências. Para uma informação mais genérica, ver: J. Baltrusaitis, Cosmographie chrétienne dans l’art du Moyen Age, Paris, 1939.
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Aqui o Cocanha é brincadeira mas, nestas coisas acho óptimo que se exija seriedade e nada melhor para isso do que a crítica.
Fico até muito reconfortada por ter leitores exigentes.
……
Não será lei o que recomendo na bibliografia mas, pelo menos é estudo que não foi negado em absoluto e muito menos feito como historieta da carochinha.
Beijocas
P.S. e fique à vontade que por aqui não há censura como no Rerum Natura onde se manda para o lixo qualquer cróitica para que ninguém saiba.
No dia em que fizesse isso seria caso para me meterem em camisa de forças com direito a internamento automático
Tem piada, à custa disto até encontrei mais referências às nuvens tchi que são rodas do céu (como as rosáceas do céu, ou das catedrais e como a roda da vida)
aqui: http://racines.traditions.free.fr/mandala/mandala.pdf
Interessava-me para fazer a ligação com a iconografia das janelas da igreja de Nossa Senhora do Pópulo nas Caldas da Rainha.
Que eu saiba nunca ninguém pegou nisto por cá.
E aquela igreja tem tanta história controversa. Uns dizem que é influência italiana, outros negam-na.
O Jean Chevalier, no Dicionário dos símbolos também fala da mandala como círculo e imagem do mundo que leva à iluminação. E a nuvem tchi, oriental também passa a estar associada a esta força geradora, à virgindade que germina e dá à luz.
Falei nessa nuvem aqui
ahahaha era uma grande peta do 1º de Abril mas era se fosse do Esperança “:O))))
ok, é pena que não seja mais um caso à Fontela
“;O)
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Henrique:
resumindo, não percebi onde está o problema e qual é o erro.
Eu também não disse que a mandorla do osso dos beija cu é a mandorla divina. O que disse é que, em termos de contaminação popular existem paralelos. O Gaignebet traçou-os. Eu não tenho saber maior que ele para o refutar.
Por outro lado, como também já andei às voltas com a figura da senhora do Ó ou da Virgem fatimita, a ligação pagã está por lá, seja na nuvem-mandorla-aura-do tchi; seja no crescente, seja na simbologia da rosa. Neste caso há uma tradição dos ritos dos solstícios na simbologia da luz. O monte da luz; a montanha de luz dos maçons e dos templários que até estava na base de muitas construções das igrejas- de acordo com tradições ancestrais.
Por outro lado, existe a tradição da Bíblia e do Talmud, da cabalística da luz; dos ritos da Candelária. A própria cidade de Belém- a Luz- tem ainda agregada esta simbologia pagã- a da cintura das muralhas eternas.Só se podia penetrar nela através de uma amêndoa ou de um tronco místico de amendoeira. O Gaignebet acha que os templários conheciam estas tradições e depois faz um curso histórico com base no mito e chega aos maçons modernos.
Tem fontes no :Georges Lizerand, Le dossier de l’affaire des Templiers, Paris, Belles-Lettres., in 8º xxiv + 239. p.,( edição 1923)
E um estudo muito curioso aplicado às cerimónias do início da construção da catedral de Estrasbourgo- com rixa e sacrifico ritual- e sua relação com ritos maçónicos (testemunhados inclusive na iconografia dos capitéis) no Philppe-André Grandidier, Essai historique et topographique sur l’église cathédrale de Strasubrug, Strasburg, Levrault , 1782.
Existem muitos mais estudos deste caso de Estrasburgo.
Ver também, para os ritos iniciáticos que aparecem nesses capitéis de Amiens que acompanham o post: Jean Bricheteau, Le compagnonnage, son histoire, ses mystères. Paris, Union des charpantiers de la Seine, 1909.
………..
Henrique: a história dos ódios de estimação ao ateísmo militante não é fulanizada. E nem se prende com o facto de se ser ateu. Farto-em de citar o Francis Bacon (pintor) que era ateu e tem reflexões brilhantes sobre essa visão e sobre a própria religião. Quando digo isto estou a apontar aquele lugar de onde vem o menino Francisco eheheh
Mas também não é pelo menino Francisco, é por muitas outras coisas, que nem são meras blasfémias (na minha visão católica a Igreja está aberta a todos, incluindo os heréticos), é por dedicarem uma vida ao ódio a Deus e terem intervenções sociais em que perseguem os católicos. Inclusivé com processos a padres. É mesmo por uma mera ligação política à velha tradição jacobina que tanto dano fez ao nosso país.
E aí, sim, há herança, um fio condutor com o movimento do Afonso Costa (o mais perto historicamente, porue as raízes até vêm do Marquês) e até tem o Poder.
12:17 AM
À Fontela? Não… Nada disso. Se bem que dava um excelente post de 1 de Abril.
Eu não escrevo muito no DA porque não há grande coisa para dizer. Estou para escrever qualquer coisa sobre o Kepler há meses mas falta-me tempo.
Estou a ser chato, mas o esclarecimento impõe-se: podia ser mas não sou ateu militante.Sinto-me bem entre qualquer espírito livre e inteligente, cristão, muçulmano, agóstico, ateu, o que queira ser.
Irrita-me o Reino da Estupidez.
Zazie: o meu saber é pouco, mas não gosto de falr de cor.
Quanto a bibliografia, podes ver o acessível CIÊNCIAS OCULTAS, da Planeta Editora. E o profundo: RELIGIÃO E DECLÍNIO DA MAGIA, de Keith Thomas.
Quanto à religião, desinteressei-me do criador à medida que fui conhecendo a criação. Interesso-me mais pelas razões da incompatibilidade entre os seres humanos e o mundo, para perceber e tornar o futuro melhor.
Perdoa-me, mas já não me interessa perder tempo com histórias da corochinha, a não ser por motivos literários.
Repito: mandorla não é mandala, nem por via popular.É qualquer coisa como a diferença entre o ente e o universo.
Olá Francisco. Não fazia a menor ideia que tinha andado por aqui aos gansos
“:O))
Eu tenho cientistas na família, por isso para mim não há problema em perceber níveis, incluindo os níveis fantásticos e mitos em que a própria ciência se inscreve.
Quanto a crentes que não gostariam do Cocanha imagino que sim: os tolinhos, os toinos, todos.
Pode crer. Mas neles não incluiria um bispo culto, muitos clérigos, a maior parte que já conheci e que sempre me receberam com toda a abertura de espírito. Até os monginhos do Varatojo não se persignam por tão pouco
“;O))
Mas eu também não tive formação religiosa e nunca aceitei a menor lógica de seita. tenho aversão a uniformizações e clubes.
Não sei se estou a pensar o mesmo, mas não me diga que é mais um caso de abandono à Fontela…
ahahahahaha
Sou incapaz de meter a narigueta na vida de cada um, mas olhe que neste caso não me falta a curiosidade.
Parabéns por largar clube, rasgar cartões de clube é mesmo a melhor maneira para se ser livre.
Zazie,
Quando se fala dos “understands” conto sempre a história dos barnacles e dos gansos vegetais que aprendi aqui.
Não conhecer os mitos e os símbolos é uma ignorância a juntar às outras.
Seja como for, quando a zazie disse que «a crença não se abala pelos mitos nem pelo conhecimento», lembre-se que isso não é verdade para muitos crentes. E eu conheço muitos desses. Eles não iam gostar nada do Cocanha. Mesmo nada…
E quanto ao militantismo e ao abastardamento dos saberes, gostaria apenas de dizer que um blog não é uma metapersonalidade. Mas não, não me ofendo com piropos! Simplesmente deixei os rebanhos há alguns anos.
Resumindo: não há qualquer gravidade no que o Francisco acrescentou, apesar dele fazer parte dos “endemoninhados militantes” eheheheh (acho que ele não se chateia com este piropo)
Mas eu sou crente e, nestas coisas, não tenho preconceitos. A crença não se abala pelos mitos nem pelo conhecimento. Até se enriquece. Para mim não há a menor heresia. Porque a figura da Virgem Bíblica permanece intocável no lado da fé; e o resto do mito não destroi nada, é apenas mais um nível paralelo na sedimentação do espólio da humanidade.
…………….
Devo dizer que até senti alguma gratificação por ele vir cá e comentar um texto ou chamar-me para um debate de outro assunto totalmente diferente. Não tenho sitemeter, não faço a menor ideias das visitas ao Cocanha e, toda a gente sabe que a militância ateia faz parte dos meus ódios de estimação.
Mas é sempre muito importante perceber-se que as pessoas são muito mais ricas que alguns dos papéis que podem apresentar. E não há melhor forma para se ultrapassarem todos os sectarismos que o gosto pelo saber e pelo património cultural que nos é comum.
Ultrapassarem sem cedências nas suas ideias, claro. O contrário seria prova de fraqueza das ideias e medo do antagonismo.
Como é óbvio nada disto me leva a atenuar a profunda embirração com aquela militância ateísta porque até se baseia em abastardamentos dos saberes para se fazer passar. O mesmo se diga daqueles taradinhos dos evangélicos de mac donalds, que não passam de um lobby americanóide.
Henrique,
Se leu o texto, reparou que a história da mandorla relativa ao tal osso, idêntico aliás, à próppria simbologia da amêndoa, que também se descasca e tem lá dentro o fruto puro- que transita depois para a tradição das amêndoas da Páscoa, são simbolismos paralelos.
Ou seja: é um facto que existe essa associação entre a mandorla e a mandala por via popular e mítica. Ligada aliás às “regras, aos ritos do solestício, dos homens menstruados ou da virgem grávida. É é através desse fundo mítico dos rituais relativos à natureza e às estações que se traçam paralelos com uma série de heréticos onde também entram os pedreiros e, depois os templários. Só muito mais tarde aparece a maçonaria a que hoje nos referimos porque em muitos países nem sequer existiu ligação entre os primitivos pedreiros (e respectivas associações) e a maçonaria moderna.
Quanto ao processo dos templários é claro que foi por esses motivos, mas nada invalida que os ritos existissem. Isso é que também não é mito. E essa iconografia das igrejas é uma das melhores provas. Eu é que nem coloquei aqui as descrições completas um tanto por pudor. Porque são bem piores. E a dita caça às bruxas também costuma ser vendida de modo simplista. Não foi apenas a Inquisição que caçou bruxas. Foram nobres, foi o poder em geral, foram todos. E não se dirigiram apenas a mulheres- é outro mito- dirigiram-se a homens- muitos deles religiosos heréticos que mantinham essa ligação e incorporavam todos esses “marginais”, os tais dos faubourgs que depois até vão estar na primeira linha na Revolução Francesa (por exemplo)- a toponímia de Paris está lá para o contar).
Os rituais modernos podem ser lidos na compilação do Abade Pérau e foi daí que vem essa gravura. Os outros, relativos à iniciação feminina também se encontram lá (por acaso, se tivesse tempo, até gostava de os apanhar de novo, porque nem sei onde guardei).
No que toca à sátira político-social foi uma apreciação minha e, como é óbvio, não está sujeita a “verificação experimental” ou sequer a debate teórico- foi uma “boca” de escárnio e maldizer. Como é óbvio nada disto se baseia em conhecimentos pessoais e também não são os exemplos de gente honrada que invalidam o que ela hoje em dia é- uma agência de emprego, um lobby de tráfico de influências- até o Vitorino da cantiga é uma arma já para lá foi…
P.S. o símbolo que o Francisco Burnay colocou em link está certo, devo-lhe até um agradecimento por ter completado o post. É precisamente essa a mandola-mandala-mandorla-amêndoa-mística. Tal como religiosamente transitou para a figura que envolvia a virgem. Não existem campos estanques entre o sagrado e o profano.
Mas também é verdade que é uma questão pouco abordada até na escola. Por preconceito ou apenas burrice. Eu não preciso de ser ateia para me interessar por estas coisas. Acho-as até bem mais pertinentes que essa palhaçada da luta tribal do criacionismo/evolucionismo. O grande património da história e da cultura passa muito mais por aqui.
Por exemplo, bastaria integrar-se a mitologia do Génesis bíblico e traçar todas as suas múltiplas associações, para se ter um tema bem mais rico nos currículos escolares.
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Quanto ao texto e aos ritos que o Henrique chama de delirantes e atribui a mentiras da Inquisição, eu não sei a que Historiador foi buscar essa informação.
Porque o que escrevi no texto é acompanhado de bibliografia e são estudos sérios de nível académico.
Posso recomendar o Jean Delumeau no estudo do medo no Ocidente para se completar essa informação.
Volto ao ataque, porque, relectindo, me parece haver alguma gravidade no txto e nos comentários do Francisco:
1º Essa descrição do beija-cú é uma descrição que a Santa Inquisição usava para levar à fogueira as bruxas bruxos, judeus e cátaros (isto é, os que não tinham as suas práticas)E foi dessas descrições delirantes e criminosas de Sabats e missas negras que serviram para levar milhões à fogueira, levaram à extinção e massacre dos Templários por interesses económicos de França.
2ºO Francisco confunde mandala com mandorla, essa sim, amêndoa, que significava muita coisa, desde a virgindade de Maria até à figura de Cristo, humano pr fora e divino por dentro.
3ºNada dessas tretas existiu na Maçonaria, a não ser pela calúnia delirante da Santa Inquisição. Não existiu nem existe. E se bem que a maçonaria é algo de complexo que tem esses ramos de tráfico de influências, como a Casa do Sino, as Universidades Moderna e Independente, curiosamente trata-se da maçonaria DEÍSTA.Quanto à não deísta, conheço muitos maçons que são gente honrada e de bons costumes.
http://www.symbols.com/encyclopedia/44/4411.html
Já por cá passo há bastante tempo. Na realidade, vinha cá chamá-la para a caixa de comentários do artigo do PA sobre a autoridade. Lembrei-me da relação maestro/orquestra e queria saber o que pensa.
Olha só…
não tinha reparado que o Francisco era o Francisco de lá….
ehehehe estava aqui um cheiro a enxofre no estaminé e estranhei
“:O)))
Não se enxofre, estou a brincar
Exacto, Francisco: são também os chakras tântricos.
Dos aventais não sabia. Na verdade, nunca me dediquei a estudar a maçonaria. Isto foi apenas por causa de iconografia medieval onde aparecem estes resquícios que depois vão continuar nos maçons modernos.
………..
Henrique,
Essa maçonaria com belos ideias já existiu e já acabou. Hoje são logas de lobby de tachos.
Só não sei é se praticam os rituais com as mulheres. Porque há descrições relativas ao formato do púbis que elas tinham de ter, que me custa imaginar em algumas das nossas figuras públicas que por lá andam
ehehe
Beijocas na face, na face, nada de confusões
“:O)))))
«O principal signo de onde vão emanar temas cristãos e outros satânicos prende-se com o osso em que terminava a coluna vertebral, em forma de amêndoa ou mandorla também apelidada mandala.»
É daí que vem a amêndoa mística? Acho que há uns aventais maçónicos com esses símbolos. E uns paramentos também.
Beijar o cú, minha querida, é já uma instituição nacional, e será cada vez mais enquanto o paradigma for o americano. Quanto à maçonaria, nunca me apercebi que por lá se praticasse.São homens livres e de bons costumes.Beijos, Zazie.
it’s a private joke mas sabe-se por aí…
“;O)
beijinhos
Estou farto de encontrar por aí referências a “zundapps gamadas”, “Famel roubadas”, mas estou completamente por fora e sinto-me o tolo da aldeia.
Não me dá uma pistazinha?
Vou tornar mais explícita a ironia
“e até imagino que tudo isto caiu em desuso.”
Nem acredito que seja tão ingénua que não saiba nada “de beija-cus mais actuais”.
Atingiu-se o requinte eurobórico não de morder mas de mordiscar ou beijar o próprio cu.
Não é isso que vê naquela gravura de José Sócrates numa manif pró aborto com esta filactéria “estou aqui como engenheiro”.