o papagaio do meu bairro

O papagaio que costuma estar à janela de um 1º andar aqui perto ganhou uma mania muito divertida. Apanhou o “sotaque” das velhotas do bairro e tudo o que palra sai sempre com esse tom estridente e desconcertante à maximiana, que mais parece uma intervenção urbana de rancho folclórico.
Mas o danado não se limita a conversa de mulher. Também é muito dado a apanhar os desabafos masculinos. Aquelas típicas palestras de motorista de táxi – “se fosse eu a mandar endireitava esta merda toda“- e até outras mais musculadas, quando visam a malandragem que nos atormenta. “Isto era pendurá-los todos numa árvore”! “era fazer-se como a malta fazia aos turras em África!” E isto tudo proferido sempre com a mesma sonoridade efeminada de cana rachada.
O parlapié também costuma ser acompanhado de prolífera “chuva” de cagadelas, que o bicho alimenta-se bem e não tem culpa que o tenham colocado em poleiro tão elevado.
Eu confesso, se não fosse aquela voz tão esganiçada, já me tinha dado vontade de pedir nº de telemóvel para uns servicinhos domésticos de problemas de vizinhança…

Pois, vá-se lá saber porquê, sempre que leio estas brilhantes opiniões, carregadas de experiência no terreno, não consigo deixar de recordar o paco do meu bairro.

6 comments on “o papagaio do meu bairro”

  1. Ana Alves says:

    Zazie, isso devia ser gravado! Olha as possibilidades musicais da coisa. Se a mensagem da Dona Lina abriu um cd de Stealing Orchestra, um papagaio desses pode abrir um cd por frase! E ainda que nada disto pudesse ser, tu podias fazer uma compilação toda catita! Ou coisas mais simples como mensagens de atendimento em telemóveis e outras secretárias automáticas.

  2. Flávio says:

    Outros papagaios notáveis: o Laverdure, da Zazie; o dead parrot dos Monty Python.

  3. zazie says:

    vai fazer a cama!!!

    “:OP

  4. timshel says:

    Aliás, li algures que uma centena de macacos a escrever numa centena de máquinas de escrever por toda a eternidade acabariam por escrever uma obra de Shakespeare. O DN não tem tempo.

  5. timshel says:

    Se o DN tivesse contratado o Paco ou o Jacó não estava a pique nas vendas. Deixemos o escriba continuar. O DN ainda há-de pagar a quem compre o jornal.

  6. ahahahahahahhaha não consigo parar e rir 😀

    que belo exemplar! em casa de uma amiga minha havia um jacó (o mais incontornável nome após louro) que, cada vez que avistava o irmão dela, berrava – imitando a voz da mãe:

    VAI FAZER A CAMA!!

    VAI FAZER A CAMA!!

    VAI FAZER A CAMA!!

    : )

    e ao senhor do link que aí puseste, sabes o que lhe digo:

    VAI FAZER A CAMA!!!

    😉

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