o rei morreu, viva o rei ou quem o matou…

Já o Claude-Nicolas Ledoux, teve mais sorte e maior capacidade de adaptação às circunstâncias, digamos assim…
À custa de um bom casamento com uma dama nobre, conseguiu deixar o Departamento das Águas e das Florestas e mais os projectos de canalizações e cemitérios, para se dedicar a inventar moradias para as damas da corte. A cortesão e bailarina Mademoiselle Guimard e a famosa predilecta do rei- Madame du Barrry foram as suas principais clientes, permitindo-lhe desenvolver as concepções mais excêntricas e rafinées ao redor de Paris.


Cidade ideal de Chaux, pensada para a marina de sal de Franche-Comté (projecto iniciado em 1774 e fortemente inspirado nas cidades utópicas renascentistas)

Parque de Maupertuis: casa dos gardas agricolas (1780)


cemitério da cidade de Chaux

Casa do director da prisão de Aix-en-Provence (1789)

Casa do Rio da Autoridade (1780)

Estava o nosso visionário bem coberto de fama quando chega a revolução e o manda para a cadeia enquanto lhe destrói as obras. Ao contrário de Lequeu, Ledoux era dotado de uma bonomia à prova de bala. No que toca às moradias destruídas, o azar foi de quem lhas comprou pois, quanto a si, preferiu continuar a obra no papel, ainda que na cadeia.
Famoso uma vez famoso para sempre, e já se sabe que por muito revolucionário que um possidónio seja, será sempre um possidónio, terá pensado.

corte do Olho do Téatro de Besançon (c.1775)

E o certo é que sai de lá munido do tratado “L’architecture considérée sous le rapport de l’art, des moeurs et de la législation” que dedica à “Liberdade”. Quanto às obras, se já eram “exóticas” nos tempos dourados, com a reeducação burguesa e compiladas no papel, chegam a raiar a esquizofrenia.

Seja como for, em 1847 republicam-lhe a obra sob o título: “L’Architecture de Claude Nicolas Ledoux” apresentado-o como um grande arquitecto revolucionário.
C’ est la vie…
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