Um currículo de mestre

[tentativa de síntese]

Depois de nascimento, baptizado, separação dos pais e divórcio dos mesmos, parte de Moçambique e chega a Portugal (sic) em voo da Sabena.
Inicia-se a longa demanda dos conhecimentos- primeiro da família; depois os restantes.

Conhece A e torna-se amigo;
Conhece B e torna-se amigo;
Conhece e priva de perto com IG- mãe dos filósofos
Conhece D, de quem se torna amigo íntimo.
• Conhece FCM, futuro escritor.
Frequenta a gay-scene sul-africana.
Durante a festa do seu 21º aniversário, duas pessoas aparecem sem ter sido convidadas: uma delas é a actriz Lia Gama.

• Em 1972- No dia 19 de Julho, durante uma breve licença em Lourenço Marques, conhece X seu actual e único companheiro.
• Ainda assim,
Assiste em Lourenço Marques a três conferências de Jorge de Sena, que conhece por intermédio de Y.

• Vai conhecendo cada vez mais
• Em 1973 conhece M, mais conhecida por Pi. Início de uma sólida amizade.
Início da correspondência com E, que o aconselha a fazer, como Pascal, «un bon usage des maladies».
• Conhece JC, com quem sempre manteve relações cordiais.
• Conhece o fotógrafo KN, de quem se torna amigo.

• Avança-se um ano:

• Conhece S num jantar em casa de RK
Descobre por mero acaso que DM é praticamente seu vizinho.
• Tem encontros na Pastelaria

1976- A mãe chega a Lisboa
a Gipsy, siamesa, chega de Moçambique

1977-Viagem à Madeira, em Agosto.

1978-Morte do Pai
e viagem a Maiorca e Ibiza, em Agosto

1979-Para além de continuar a conhecer, já é entrevistado e publica poemas.
– Conhece G em Cascais
Início de relacionamento cordial mas distanciado

1980-Iniciam-se os convites e participações com manutenção de correspondência.
1981- Morte da gata Gipsy, em Setembro
1982-publica um seu poema inédito
conhece, conhece, conhece, e torna-se membro da Sociedade Portuguesa de Autores.
1983-Com intervalo de poucos dias continua a conhecer.
Conhece, conhece, conhece
e publica!
1984- Entrevista em duas partes com poema numa delas.
Publica, publica, conhece, conhece, conhece- artistas Espanhois e conhece, conhece.
-Conhece PCD, que foi seu editor e com quem manteve [até ao Outono de 1999] relações de amizade.
Início [simbólico…] dos anos frenéticos.
-Conhece, conhece e mais relações de amizade e correspondência
Continua a conhecer.
Em 86 começa a escrever em computador e inclui inúmeros jantares na casa de Cascais
Continuam os conhecimentos intercalados de reveillon; novo conhecimento com empatia mútua e outro conhecimento de relações cordiais

Em 90 foi vítima de plágio (de amizade?!?) do/a qual nunca foi indemnizado mas escreveu sobre o assunto e A Caminho editou o livro e tudo foi tratado por correspondência.

91- Passa aos almoços intercalados por jantar com reencontro muito cordial
92; 93; 94, mais conhecimentos, viagens e conhecimento pessoalmente, seguido de nova relação cordial
95-conhece MC com quem conversa longamente na esplanada da Brasileira do Chiado
.Nova gatinha, a Rita, uma korat cinza-claro de quem o Tonecas tem ciúmes.

96- era da informática
Adere ao e-mail, que utiliza intensivamente.

Continuam os conhecimentos e amizades; há simpósio internacional e viagens a ilhas mais afastadas
Segue-se a rotina conhecimento-evento
• Até que em 2001 morre gata Rita na madrugada de 16 de Fevereiro.
No dia 17 de Março, nova gatinha: a Joana, uma smoke inglesa de pêlo curto.
• Em Maio tem Ciberkiok

• Entra em polémica de outros artistas e aproveita para publicar “Capelas deram lugar à crítica de tendência”.

• Mais relações cordiais e responde a um inquérito na silly season

No dia 11 de Setembro é surpreendido na rua pela notícia do primeiro embate contra as torres gémeas de Nova Iorque.

Cinco dias depois escreve sobre a surpresa.

2002- Avanços cibernéticos permitem entrevista em Website Canal e em Outubro despede-se e torna-se escritor a full-time
Seguem-se novos conhecimentos pessoalmente. Vai à Fnac

Em 2003 entra em colóquio de sexologia clínica do Júlio de Matos e debate sobre LGBTs; há tese em preparação sobre a sua obra.

Novo avanço nas novas tecnologias de comunicação com poema em SMS

2004- tem homepage- no dia 12 de Junho comentário no Público:”Para uma homepage que só tem um mês de vida, está muito bem.”
– convites, faculdades, poemas, com convidados notáveis e Nobel de 95.
2005- participação em blogue Da Literatura
-Última notícia do currículo- um post seu é reproduzido no Mil Folhas, suplemento do Público.

17 comments on “Um currículo de mestre”

  1. zazie says:

    não me parece que isso seja regra. Por cá, bastava dar o exemplo do Herbert Helder e do António Franco Alexandre que considero dos maiores e que para além disso até são muito viris. De todos os tempos escolhia só um, como exemplo, porque estou com pressa: o Philip Larkin. Não só não o são como produzem pensamento filosófico por meio da poesia e para isso a tal “sensibilidade gay” não vem ao caso.

    Quanto às mulheres é outra história e agora não dá.

  2. haja pachorra says:

    Todos os paneleirotes têm grande sensibilidade ao texto. Para escrever, poesia mais que outra merda qualquer, é preciso longo estudo e experiência de vida. Os colaboradores nem uma coisa nem outra. É como as gajas: é só conversa.

  3. zazie says:

    bom, eu chamei poeta porque é essa a profissão do senhor.
    Não sou crítica de poesia e dele apenas li meia dúzia de poemas que também fazem parte da página.
    Pela amostra não vi nada que considere vergonhoso. Antes pelo contrário, pareceu-me bem melhor que o Al-Berto, por exemplo.
    Agora vocês se conhecem a obra e pensam isso, força. Digam-no. Eu limitei-me ao caricato do cu-rrículo. E não inventei nada. Limitei-me a copiar, tendo o cuidado de passar para abreviaturas os nomes citados. De resto está aí o link.
    E não o fiz por nenhum outro motivo a não ser a ilustração do que o Dragão disse logo em poucas palavras- uma típica carreira de cu. No sentido mais amplo da expressão

  4. Olhopineal says:

    Lá está você a chamar poeta ao homem. Sacrilégio! Se para se ser poeta basta escrever livros de poesia, então não há português que não seja poeta. Pitta é um respeitável crítico de poesia. De poeta não tem nada.

  5. zazie says:

    eu não sei nada. E também não imagino que seja necessário ser-se doutor para se ser poeta.

    O resto fala por si. Esta auto-biografia em página online. Foi apenas isto que postei.

  6. Ahab says:

    mas este tipo não tirou nenhum curso nem estudou em lado nenhum?

    Passou a vida a conhecer artistas e a frequentar a gay-scene de Joanesburgo, de Lourenço Marques e de Lisboa?

  7. arô esminina eszazie, pra espróxima num mes esfassa esperder os meu estempo nos linque dos escaramelo e já agora não esse essinta esmordida pelas esminha ôrtôgrafias…

    …mas, apesar de tudo, descobri uma foto do abichanado (esta conotação é óbviamente para o facto do senhor gostar de gatos) com o – esse sim grande – poeta al berto…

  8. zazie says:

    hmfb:

    não percebo… não é poeta? ia jurar que é poeta… não é, afinal?

    crítico nunca chamei, não imagino onde leu isso

    2- não fazia a menor ideia que já tivesse divulgado a página do poeta e respectivo curriculo. Por isso não é erro, é desconhecimento.

    Ontem é que uns amigos meus deram com isto e depois e quiserem partilhar a galhofa comigo “:O)))

    e olhe que galhofas destas só fazem bem ao fígado
    ehehe

  9. hmbf says:

    Cara Zazie, dois erros de palmatória: classificar (sic) de poeta o crítico e dizer que a peça nunca tinha sido divulgada. Em tempos, já a havia divulgado noutras paragens. P.S.: obrigado por me haver relembrado da dita, pios para mais que nãos eja serviu-me de inspiração para meu caro companheiro de todas as insónias, el Baltazar (com z) – http://antologiadoesquecimento.blogspot.com/2005/10/cidade-tossir-14.html . Saúde, hmbf.

  10. C. says:

    não zazie, eu sou a minha mulher-a-dias e para já ainda não vou a casa de futuros-escritores-famosos 😀 mas olha que é uma boa oportunidade de negócio, por exemplo, quando souber um bocado mais de alemão talvez possa oferecer um serviço tipo 2 em 1… o alemão é uma língua que faz muita falta aos nossos futuros-escritores-famosos

  11. zazie says:

    eu acho mais interessante no original. É peça épico-patética

    O que me espanta é nunca ter sido divulgada. Afinal eu é que estou fora do meio e nem sabia da existência
    “:O.

  12. Lido assim (com os cortes feitos no original) até parece uma peça literária.

  13. zazie says:

    Pois é meus caros, se não tivesse lido isto com estes que a terra há-de comer também não acreditava.
    Beijoca íntima mas cordial para ti também, Morggie e outras duas para o Dragão e Tim “pessoalmente” amigos em meio virtual (variante que é uma pena faltar no cu-rrículo deste poeta)

    ……………….

    C: não eras tu ou uma prima tua que tinha uma mulher-a-dias que também trabalhava na casa de um futuro escritor famoso? acho bom começares a lembrar-te destes pormenores para o currículo…

  14. C. says:

    ena, tanta amizade eheheheh

  15. dragão says:

    Coza-se, Zazie, este devia ser escarrapachado nas paredes!… Perfeitamente delirante, mas revelador do que é a “cu-ltura” cá do burgo. Só me faz lembrar aquela caca de cão, que jaz de emboscada nos passeios, mas com artes de seleccionar as solas onde ir agarrada.

    PS: Achei encantadora, a Morggie. Mas também eu sou um dragão pinga-amor… :O)

  16. Anonymous says:

    Deveras esclarecedor!!!
    E agora deixa-me dizer-te, Zazie, para teu bem: se em vez desse relacionamento (íntimo ou cordial) com a bicharada medieval, musaranho coxo e espécimes como esse oriundo da Dragolândia, mais em vias de extinção do que lince da Malcata, te passares a relacionar com seres de outro tipo, pode ser que venhas a ser Alguém na vida. Até o papagaio Nonó sabe disso…
    Fiquei, ainda, a matutar no pesadelo que deve assombrar as noites da Actriz-Penetra, impossibilitada de mencionar em currículo de esperiência artística um convite para a festa do aniversariante E.

    Quanto a mim:estou a pensar encetar diariozito curricular, onde relate, por exemplo:
    -o facto de, há uns anos, ter sido vivamente osculada em público e nas duas faces por um então candidato à Presidência da República; confesso que (eu) era na altura, tenríssima criança movida pela curiosidade por ajuntamentos de pessoas munidas de bandeirinhas; hoje decerto nao me deixaria beijocar por nenhum político, mesmo que à socapa. Serão efeitos, quem sabe, do endurecer da carne…
    -o facto de, entre 1999 e 200, ter sobrevoado Africa, por diversas vezes.
    -o facto de ter frequentado o restaurante “Sinal Vermelho”, situado no Bairro Alto e que era, na altura, uma simpática tasquinha. Aí encontrei, várias vezes, um certo jornalista; bem poderei dizer que o nosso relacionamento era cordial; e mais cordial poderia ter sido se o dito, ao terminar a refeição, não rapasse de um pente que trazia sempre com ele, desse um jeitinho ao cabelo e sumisse em seguida, adentrando-se na noite lisboeta.

    Passarei, além disso, a tentar gerir com mais eficácia os meus relacionamentos, intimos ou cordiais. E escrevo “tentar”, porque sempre fui um pouco néscia nestas subtis artes de Gestão; também, pouco se pode esperar de uma simples e sadia moçoila de província como eu, muito mais dada às berças do que às letras; enfim:uma espécie de Musaranha em era de P(o)ettas.
    Desculpa qualquer gralha ou erro ortográfico, mas nao tenho tempo para rever o comentário.
    Um abraço, íntimo e cordial.
    morggie

  17. timshel says:

    o JC de 1973 seria aquele em que estou a pensar? então o JC não aparecia apenas aos reis portugueses antes das batalhas com os infiéis?

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