profissões muito do cocanha
quatro agrimensores a traçarem a quadratura
Bertrand Boysset(1355-1415), La siensa de destrar et de La siensa d’atermenar
medição de distâncias com auxílio de astrolábio
Mariano Taccola (1382-1458?)
Quando o desafio era maior e a proposta medir o mundo, a crítica à megalomania não se fazia esperar. Sebastian Brant refere-o na Nave dos Loucos
“Não considero verdadeiramente sábio
Aquele que gasta todo o seu zelo e sentido
A descobrir cidades, países
E parte, de compasso na mão
Para conhece bem a largura da terra,
E a profundidade do mar
(…)Que povos estão nas latitudes,
Se existem, por baixo dos nossos pés,
Também pessoas, ou não existe nada?
Se aí vivem, como se sustentam de pé,
E não caem no ar?
(…) O mestre Plínio acerca disso já dissera
Que é por certo insano
Quem quer abraçar o mundo imenso
(…)Que necessidade tem o homem
de procurar mais alto que ele
sem saber para que isso lhe serve
o que encontrará aí de eminente
quando ignora a hora da sua morte
que corre atrás dele como uma sombra
por mais verdadeira e certa que seja esta ciência
Por isso é um grande louco
quem sonha
que lhe pertencem coisas estrangeiras
que procura conhecê-las directamente
quando o próprio não se conhece
(…) só busca glória mundana
esquecendo o reino eterno”
Uma tremenda injustiça. Assim conseguissemos manter o olhar cor-de-rosa do turista na trivialidade das andanças diárias…
6 comments on “profissões muito do cocanha”
Comments are closed.
um personagem cultíssimo…
Um poeta “engagé”…
Um poeta dos Serviços de Informação da Época!
Bjs.
a passagem diz assim:
Depuis on connait des pays
Derrière Norvége et Thulé
Ainsi Islande, Pylapponte
Terres jusqu’alors ignorées
Entre temps, depuis Portugal
Et Hispante on a trouvé
Plein d’Illes d’or et des gens nus
Dont personne n’avait idée
exactamente Paulo, é isos mesmo. Mas sabes uma coisa muito curiosa. A dada altura o Sebastian Brant fala das ilhas descobertas pelos portugueses e espanhois e faz referência a Cabo Verde. É muito interessante porque isto só foi confirmado em 1494 pelo Tratado de Tordsesilhas e a nave dos Loucos foi publicada no ano seguinte. Ele devia estar a par disto tudo e principalmente do Colombo quando é acolhido de forma triunfal em Espanha por ter descoberto as Antilhas (em 1493)
E é um espírito que bebe da versão cristianizada da “huybris”, censurando a loucura do Homem que quer abarcar o que só a Divindade pode, não? Uma constante.
Beijinhos.