mais outra para dar uma ajuda
“Por maiores benefícios que se reconheçam na concorrência, não há dúvida de que ela não constitui força económica permanente, pois tende para a sua auto-destruição, nem as vantagens que prestas as usufrui a colectividade sem prejuízo de maior.
De facto, muitas vezes se nota que os concorrentes, por eliminações sucessivas dos mais fracos, chegam ao monopólio ou ao entendimento, forma acentuada do primeiro. E verifica-se que na luta se desperdiçam capitais e se joga o destino e interesses do trabalho, com vantagem por vezes insensível e sempre transitória para os chamados consumidores. (…) ninguém hoje se lembra de, numa economia nacional que se pretende ordenada, estabelecer como princípio fundamental a concorrência sem limites. Por outro lado o monopólio assusta- assusta porque tende para o abuso como toda a força não controlada, porque tende para a estagnação como toda a actividade sem estímulo, porque, como bem disse Poincaré, onde está o monopólio aí começa o socialismo. Devo acrescentar que me parece não serem estes os resultados em toda a parte, sendo por isso provável que a formação do espírito colectivo leve nalguns países o monopólio a cuidar de servir bem o público antes de servir os interesses particulares dos monopolistas. Não há dúvida, porém, de que em muitos povos- e o nosso entre eles- as coisas se passam no mau sentido que defini. Eis uma dificuldade que deve ser resolvida.(…)”
De facto, muitas vezes se nota que os concorrentes, por eliminações sucessivas dos mais fracos, chegam ao monopólio ou ao entendimento, forma acentuada do primeiro. E verifica-se que na luta se desperdiçam capitais e se joga o destino e interesses do trabalho, com vantagem por vezes insensível e sempre transitória para os chamados consumidores. (…) ninguém hoje se lembra de, numa economia nacional que se pretende ordenada, estabelecer como princípio fundamental a concorrência sem limites. Por outro lado o monopólio assusta- assusta porque tende para o abuso como toda a força não controlada, porque tende para a estagnação como toda a actividade sem estímulo, porque, como bem disse Poincaré, onde está o monopólio aí começa o socialismo. Devo acrescentar que me parece não serem estes os resultados em toda a parte, sendo por isso provável que a formação do espírito colectivo leve nalguns países o monopólio a cuidar de servir bem o público antes de servir os interesses particulares dos monopolistas. Não há dúvida, porém, de que em muitos povos- e o nosso entre eles- as coisas se passam no mau sentido que defini. Eis uma dificuldade que deve ser resolvida.(…)”
pois bem, a Branca Nunes acertou à primeira e o JE chegou lá à segunda. Foi Salazar.
António de Oliveira Salazar, “Problemas da organização corporativa”- Conferência no S.P.N., em 13 de Janeiro- Discursos, Vol.V, págs. 283-284, 287-291, 294-296, 296-298), 1934, para o primeiro e págs 287- 288 e 289- 291), 1934.
4 comments on “mais outra para dar uma ajuda”
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tem pois, anti-comuna. Andava em arrumações nos armários e dei com estes discursos do Salazar que deviam ser do meu avô. É incrível como ele via o mundo tão pequnino, com os preços marcados tal como na Idae Média e imaginava que o capitalismo podia ser assim, a nível mundial.
ehehheeh
Zazie, esse baú do botas tem mais pérolas?
E olha que o Marcello Caetano tem uma obra que é precisamente a teoria do socialismo português dos dias de hoje. Foi escrito no Brasil, depois de ter sido corrido.
Como se vê, a teoria da terceira via não é original do Blair. 😉
Posted by anti-comuna
Que Salazar era um feroz anticapitalista já eu sabia. Agora que teorizava tão bem, não. Mas acabou por ter que se pendurar nos tais monopolistas para se aguentar…
com essa da ‘eliminação sucessiva dos mais fracos’, dos ‘muitos povos’ e do ‘espírito colectivo’ a ‘cuidar de servir bem o público’ já não me parece discurso dos anos 000’s mas sim dos idos 40’s – quem falou de Salazar terá razão?