a propósito de trapos
quem fala assim não os tem na língua
misericórdia de cadeiral de Stratford on Avon
“Despido de ironia ou densidade discursiva o momento caras, na sua nudez irredimível, está mais ligado aos termos da sua produção do que à possibilidade de ser interpretativamente resgatado numa singularidade em que não se escusa.
Nos termos da produção, e eles me dirijo portanto, há algo de uma auto-ironia sobre a possibilidade de meditar valorivamente sobre as performances estéticas das mulheres da noite em termos estranhos à autoria. Essa auto-ironia projecta, sedimenta, num primeiro momento, o estatuto de concurso à coisa. Mas, mais importante, coloca o autor a perorar singelamente sobre o concurso como se de a revisitação de um exercício se tratasse. Devo discordar quanto ao inédito da aparição crua dos termos do desejo, esse registo tem alguns antecedentes e não inibe projecção dos avatares que surgem pelo contexto ou pela celebração da sua desnecessidade”. Aqui a chave, creio, está na alusão aos vestidos. Em dois momentos: na apresentação dos temas em avaliação, e na apresentação da vencedora com “Versace”. Falar dos corpos e das suas virtudes sem devaneios de maior seria cru, mas não caras. Se alguma auto-ironia presidiu a autoria, levando-a a apresentar elementos que desconhece como se estivesse perfeitamente familiarizado com o exercício, ela residirá na centralidade absolutamente incomportável, do ponto de vista de património do olhar, conferido aos vestidos. Concordaremos porventura… “
Pergunta o julinho da adelaide:“Não sei é o que se pode concluir do exercício, e se descascado ele mantém validade”.
– Aposto que mesmo descascado não está fora de prazo…