a Babel de Kircher

Continuando com o nosso último homem da renascença, passemos da orelha do tirano de Siracusa para os desafios da torre de Babel.

No estudo “Turris Babel, sive Archontologia qua primo priscorum post diluvium hominum vita, mores rerumque gestarum magnitudo, secundo Turris fabrica civitatumque extructio, confusio linguarum, publicado em 1679, as reconstruções desta fantástico desafio arquitectónico sucedem-se.

os jardins suspensos

a cidade fortificada

e a sua famosa torre.

Depois de ter feito as contas necessárias para que a torre pudesse atingir o corpo celeste mais próximo- a lua- o fantástico jesuíta chegou à conclusão que Nimrod estava enganado. Para chegar ao céu e tocar na esfera lunar, a torre de Babel precisaria de ter mais 287.544711168 Kms de altura, feitos de 3 milhões de pedaços de matéria.

No entanto, de acordo com os seus cálculos, se o projecto tivesse sido levado a cabo, as consequências teriam sido catastróficas. Devido à descompensação de matéria para a erguer, o próprio planeta Terra teria sido deslocado do centro do universo, provocando um cataclismo cósmico.
Poliglota como era, ultrapassou a lendária punição da cacofonia humana, provando esta teoria babélica em diversas línguas, incluindo o hebraico e o copta, como consta no desenho.

O mais curioso é que Kircher, que admirava Tycho Brahe, quando representou o modelo cósmico, seguiu a visão moderna do grande matemático e colocou o Sol no centro.

5 comments on “a Babel de Kircher”

  1. merdinhas says:

    Caro Senhor Antónimo eu gosto de contrariedade bloguenta se não, não andaria aqui.

    Pois é sempre o mesmo Kircher …e faz sentido.

    É o Athanasius Kircher que também desenhou o mapa que segundo ele permitiria situar a Atlântida. (Mundus Subterraneus, 1669)
    E concebeu a lanterna mágica – Projector de imagens fixas, um dos (convém dizer “um dos” porque não estou a falar dos persas… ) jogos ópticos precursores do cinema composto de uma caixa, uma fonte de luz e lentes que enviavam imagens para uma tela.

    E o megafone…

    E o piano a gatos…

    E Saturno…

    E mais um link

  2. Antónimo says:

    Caro Merdinhas,

    Lamento contrariá-lo em dois pontos, mas tenho de o fazer:

    1. A moderação de comentários tem muitos inconvenientes, os quais não incluem a inibição da função de “preview”. Pode fazer “preview” exactamente como o faria sem moderação (acabei de o usar).

    2. O Kircher dos gatos martelados creio ser o mesmo Atanásio da orelha, babéis e outras maluquices.

    Para acabar em concordância: o blog sobre o personagem é mesmo uma muito saudável maluquice. Passo a frequentador da society.

    Cumprimentos.

  3. zazie says:

    estava a dizer que conhecia mas enganei-me. Vi apenas a página com o piano dos gatos. Não conhecia, não e parece ser um blogue muito louco!

    many thanks

  4. zazie says:

    viva merdinhas, seja bem aparecido. Por acaso estava agora mesmo com o Kircher ” na mão” um bom lugar para ir buscar material é este:

    http://echo.mpiwg-berlin.mpg.de/content

    este que me indicou já conhecia, obrigada. Aquela história dos gatos a darem música é cá uma coisa… conhecia uma idêntica de tradição medieval que se fazia na Flandres

  5. merdinhas says:

    Zazie
    Os comentários moderados têm uma desvantagem…não dão para fazer preview e não posso saber se o link “parábola da torre” que te deixei funciona ou não…

    Pelo sim pelo não aí vai o “catpiano” do Sr. Outro Kircher. de 1650.
    http://www.kirchersociety.org/blog/?p=116

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