Pour notre malheur le monde est réel, et moi, pour mon malheur, je suis Alpha 60
Personne n’a vécu dans le passé, personne ne vivra dans le futur. Le présent est la forme de toute vie. C’est une possession qu’aucun mal ne peut lui arracher. Le temps est un cercle qui tournerait sans fin
Le temps est la substance dont je suis fait. Le temps est un fleuve qui m’entraîne, mais je suis le temps ; c’est un tigre qui me déchire, mais je suis ce tigre
Il suffit d’avancer pour vivre
D’aller droit devant soi
Vers tout ce que l’on aime
-Savez vous ce qui transforme la nuit en lumière?
– La poésie
Amoureux! Qu’est ce que c’est?
– Ça.
-Non, ça je sais ce que c’est, c’est la volupté
Alors l’amour c’est quoi ? … Ta voix, tes yeux … tes mains, tes lèvres … nos silences, nos paroles … la lumière qui s’en va, la lumière qui revient, un seul sourire pour nous deux
Par besoin de savoir, j’ai vu la nuit créer le jour, sans que nous changions d’apparence. Ô bien aimé de tous et bien aimé d’un seul. En silence, ta bouche a promis d’être heureuse. De loin en loin, dit la haine. De proche en proche, dit l’amour. Par la caresse nous sortons de notre enfance.
Je vois de mieux en mieux la forme humaine comme un dialogue d’amour. Le cœur n’est qu’une seule bouche. Toutes les choses au hasard, tous les mots dits sans y penser, les sentiments à la dérive, les hommes tournent dans la ville, le regard, la parole, et le fait que je t’aime.
Tout est en mouvement. Il suffit d’avancer pour vivre. D’aller droit devant soi, vers tous ceux que l’on aime. J’allais vers toi. J’allais sans fin vers la lumière. Si tu souris c’est pour mieux m’envahir. Les rayons de tes bras entrouvraient le brouillard
-J’ai dormi longtemps ?
-Non, l’espace d’un instant
… Je … vous … aime
Je vous aime
51 comments on “Pour notre malheur le monde est réel, et moi, pour mon malheur, je suis Alpha 60”
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ehehehe ele fez isso, da máscara?
q
“:O))))
lol Não estava obviamente a pensar em ti, Zazie, e conheço muito bem a tua repulsa pelos rebanhos. Tinha na cabeça, isso sim, aqueles cromos pré-trintões, devoradores de mangas e fundamentalistas do Miike, Ozu & Cia.
Quanto ao Takeshi, acho-o um cineasta medíocre (com alguns bons momentos) e com um ego que faz o Carrilho parecer uma carmelita. Um exemplo: quando, por uma qualquer razão que desconheço, o Takeshi não pôde apresentar o seu famoso ‘Castelo’ na tv, obrigou o apresentador substituto a usar uma máscara da cara dele (do Takeshi)!!
não sei quem é esse, mpetropolis. E não funciono assim. Não imagino porque carga de água ao dizer que fulano faz filmes que me agradam estou obrigatoriamente a entrar no grupo dos que sobrevalorizam o cinema oriental. Ou que por falar do Alphaville estou a render culto ao cinema chato e batido da Nouvelle Vague, como dizia a outra ou o contrário, que estou a sobrevalorizar o europeu contra o que o não é.
Não sei mesmo o que isso é porque nem acredito na possibilidade de ir atrás de modas ou de grupos sejam lá quais forem.
Imagino que haja quem funcione assim mas para mim isso é que é chinês.
Já devias saber a alergia que tenho a rebanhos.
beijocas
Agora que isso conte em termos de prémios, acredito bem. Para começar conta logo a sacralização do gay e do politicamente correcto
ehehe
Não é nada em particular contra o Takeshi, mas enerva-me um bocado o actual frenesim em redor de tudo o que seja chinoca. Sim, há muitas coisas com qualidade naquela parte do mundo, mas também algumas contrafacções e bugigangas (cinematograficamente falando) – p. ex. acho escandaloso que o coreano ‘Oldboy’ tenha ganho o prémio em Cannes, um galardão 100% político.
Beijinhos, Zazie!
Isto parece que já vem tarde, mas: perdi qualquer coisa nesta conversa? Percebi mal, ou estavam a pedir-me explicações sobre a defesa do fanatismo? Porquê? Porque acho o “bom gosto” uma forma de exclusão e que só serve para isso e mais nada? Foi só aí que escrevi “clube de fans”. Perdi alguma coisa? Não percebi alguma frase? Escorreguei para a Twilight Zone?
ehehehe mas foi mesmo para fazer xeque mate
beijoca Mário
Bolas, o Mozart não vale (o Bach também não)!!!!
Nesses e nalguns outros (muito poucos) não há distanciamente critico !
Mas a música clássica é um campo armadilhado, o ouvido é mestre, ou a coisa agrada ou não e uma boa obra pode sempre resistir a interpretes sofriveis.
onde é que eu era capaz de encontrar erros no Mozart…
era bom ,era “:O)))
Mário: a arte deve ser das poucas actividades que pode facultar essa tal adesão sem entraves. estou-me a lembrar de um Mozart, por exemplo. Não há lugar para distância porque existe pelo meio um abismo que nos separa.
É claro que isto não acontece com tudo nem com todos mas pode acontecer e nesse caso é perfeitamente natural. Creio mesmo que não sentir esse fascínio por alguém é também ficar muito aquem da vivência da obra.
É claro que ser fã de Mozart não imnplica andar com t-shirts com a cara dele ou ficar acéfalo “:O)))
Multitalentosos deve haver muito poucos, mas se teve dinheiro para fazer o filme acho bem.
Clubes de fans Antónimo há muitos, mas só o conceito de “fan” já me faz cócegas no nariz. Há sempre coisas más e boas em todos os autores, ser fanático pressupõe que a pessoa acha que tudo é bom (ou mau o que para o caso é o mesmo). Então e não se distinguém diferenças ? Onde é que o cérebro entra ?
Mas é verdade que faz sentido a desconfiança do Antónimo em relação ao Kai Wan. Só não o arrumo assim porque fez o Chungking Express. Tenho para mim que ele é vazio, tem tendência para a vacuidade a par de um bom gosto que pode levar a que a coisa seja só estilo, assim abstracto. No entanto, se escolher um formato menos ambicioso e souber voltar ao Chungking… é por aí que deixo a coisa em aberto. E pela recordação cinéfila do 2046 que até por lá tem pedaços de Alphaville.
Quanto à Duras eu gosto dela. Gosto dela a todos os níveis. O que não consigo gostar é dos filmes. Principalmente o India Song.
E podia ter sido bom… o que irrita é que está lá tudo para funcionar e depois estraga por ter mão pesada. Tem de acentuar sempre tudo. Põe a voz off a dizer que havia o jardim e a bicicleta e vai a câmara e tem de mostrar o jardim e a bicicleta, Para quê? isto é não perceber que a câmara tem um ritmo que prescinde de ser acompanhante das palavras.
Muito sinceramente até digo mais- o problema da Duras é que não tinha olhar cinéfilo. Tinha-o literário. São coisas que na maior parte dos casos se anulam. Quem tem memórias de palavras não tem tanto de olhar e vice versa.
E depois aqueles canastrões todos é cá uma coisa. Em matéria de escolhas e direcção de actores é uma catástrofe. Parece que tinha o dom de mostrar o pior de todos eles
“;O))
E a decoração do India Song é horrível, Parece coisa de comboio fantasma. Se lermos o texto imaginamos mundos espantosos. Olhamos para o que elas mostra, para aqueles cortinados grená, para a maminha da Seyrig e as lágrimas dos paneleirões e não há hipótese. Parece caricatura.
“;O)
Acho impossível, pelo que já vi aqui (eu gosto muito da Duras, no papel e na película, mas isso do gosto já disse o que tinha a dizer – e acrescento: o que tem de mau não é gostar ou não gostar, no plano pessoal, é o que isso tem de exclusivo, o clubezinho de fans que se reconhecem com piscadelas de bom gosto), que a Zazie não goste dos planos contra-picados dos telhados, em travelling, no Navio Chamado Noite.
O Ford do North by Northwwest é inegável, mas equívoco, por duas ordens de razões: há fontes comuns a Ford e Hitch; o look americano, à Ford, é propositado e irónico (e é isso que também há no Zabriskie). O Ford em citação é o Ford dos grandes espaços, da grande angular em planos gerais, da câmara junto ao chão, da perspectiva aceleradíssima da estrada… América, diz a citação.
Onde senão no topo? Tá claro. Como escreveu alguém, é o nome antes do título. No topo. Bom velho mestre. Um dos meus evangelistas. Agora, já só em leitura apócrifa.
Só me lembro vagamente que era françês, e que os cartazes mostravam o casal em silhueta, nunca cheguei a ver o filme mas lembro-me que na altura achei aquilo hilariante.
ehehehe qual era o filme, Mário?
“:O)))
Eu gostei do 2046 e foi coisa que senti em directo na sala. às vezes também se gosta por estas meras razões sensitivas.
Do mesmo modo não gosto da Duras. Prefiro ouvir aquilo tudo ou então ver só em fotos
ehehe
verdade. Saí a meio da reposição do India Song. Até disse isso na Janela Indiscreta.
No entanto lembro-me que gostei do Camião… (acho eu)
Mas o India Song é um pastelão de mau-gosto que até mete dó. Tudo, a começar pelos actores e por aquela parvinha da Seyrig com ar de Madalena Iglésias.
A Duras tinha mão pesada. O que não quer dizer que não tirasse partido disso na escrita.
mas eu não referi o In the Mood por alguma razão…
ahahaha
e é rara a pessoa que não atire com o In the Mood sempre que se fala do 2046…
pois, mas eu não. Eu prefiro o 2046. E acho que está tudo dito.
O Antónimo caraterizou muito bem o Demy. É verdade, ele era ingénuo e tinha essa carga operária oitocentista.
Que maravilha de expressão!
Quanto ao Antonioni não consigo dizer muito porque me esqueci do Velho Antonioni e do recente detesto. È alguém que tinha de rever para falar.
Mas o North by Northwest tem Ford até dizer chega! e o Hitch é outro que deve vir sempre no topo.
Essa das citações fez-me lembrar um anúncio de um filme dos idos de 70 que era básicamente um filme pornográfico em que nos intervalos da ginástica sexual, o casal citava Marx e Engels. Acho que aquilo era um pretexto para ir ver um filme de sexo mas alegando uma “caução cultural”.
Não tem nada a ver com a Nouvelle Vague, mas pronto.
Postei um comentário antes da maledicência ao chinoca: e não apareceu. Era o mais dialogador: perguntava se o À Bout de Souffle do Antonioni não seria o Zabriskie Point. E se o Zabriskie Point não seria, também e sobretudo, o North by Northwest do dito Antonioni. Terá o meu paupérrimo html sido a causa da exclusão blogática? Não me parece, mas exclui-o, ao html. Pelo sim, pelo não.
O Demy não acho decorativo: acho “ingénuo” (e, aqui, queria dizer tantas coisas, que deixo só mesmo assim). Um lado “ilustrativo” que vem da cultura operária oitocentista. Mas terno e em crítica.
Tentei não ir por aqui: mas não acho nada dessas coisas horríveis vistas no Dolls. Mas já é só uma memória sem especificidades. Raramente estas memórias me enganam: refrescadas, recuperam o específico. Só para dizer.
O 2046: não vi nada mais do que trailers. Gostei muito do lada-a-lado com o Demy doutra cocanhice. Mas o In the Mood: acho que é tudo o que a Zazie diz do decorativo quando diz mal do decorativo. E, mesmo assim, passei uma boa hora e meia. E até ofereci o CD com a banda sonora. (E a Duras cineasta, por bandas sonoras? Os filmes dela são bandas sonoras visuais. Também me esqueci dela, entre Godard e Straubs).
não é só o sapateado. É o filme todo que é uma obra prima.Um Fraid Astaire misturado com samurais e kung Fu “:O)))
é como dizer-se que o Godard é intelectualóide porque passa a vida a fazer citações nos seus filmes. Não é, porque neste caso sabe integrar a citação na própria linguagem da câmara. Não é muleta, a menos que tudo seja muleta e aí estamos a falar de outras coisas.
Um exemplo de docorativo do Kitano que me irrita: aquelas separações com as pinturas naives dele no Hana- Bi.
É totalmente acessório e dispensável à economia do filme.
Um exemplo em que tudo isso funciona porque é estrutural: o sapateado final do Zatoichi.
ahahahaha estava a ver que deixavam escapar “:O))))
pois é. O Kar Wai Wong é decorativo. Como o Jacques Demy mas vale por fazer disso um “musical” de homenagens.
Não sei bem explicar a coisa mas há diferenças. Um Demy também é decorativo e fez disso a linguagem do seu cinema. Mas nunca quiz fazer passar aquilo por outra coisa. E no género foi belíssimo.
O Kar Wai quando se restringe a esse vazio poético pintado na tela como um musical é espantoso. Só falha quando se imagina profundo ou algo no género. E foi excelente no Chungking Express.
O que eu chamo decorativo é mesmo o ornamento por cima das coisas, para acrescentar bonitinho sem conseguir transformar o próprio estilo na narrativa.
O Dolls e outras charopadas são assim. Como também o é o Almodovar, passe a comparação um tanto idiota, quando vai buscar o Caetano a cantar a paloma no meio daquela história. Nestes casos o decorativo é muleta.
No caso do 2046 consegue transformar-se em todo um filme. Num projecto dificil e à beira de se perder a todo o momento.
Mas está lá o Demy como está lá a estética do Haiku a dividar os epidódios, nos caracteres brancos sobre o negro da tela.
Ó Zazie! Decorativo é o Kar Wai Wong. Isto dito com respeito e carinho. Num post tão exaltante.
O À Bout de Souffle do Antonioni (desculpa, Miguel Ângelo, esqueci-me de ti) será o Zabriskie Point? E será, também e sobretudo, o seu North by Northwest? Só me lembrei ontem a vê-lo no TCM.
Uma coisa que sei dela: o pai dela (aceitando as regras do jogo, S. Joaquim) lida com a essência (“essence”, vende gasolina).
só não entendo é onde está a admiração bacoca por se fazer um post acerca de um filme mas enfim…
e que faz tanto “vieux jeu”? ou que são filmes chatos…
se há alguma coisa que não perdeu frescura foi mesmo esta Nouvelle Vague. Pode-se ver e rever mil vezes o a Bout de Soufle e nem uma ruga se encontra. Que o digam os publicitários do Martini
ehehehe
Ahaha não gostas do Kitano, Metropolis? Eu curto tanto sempre que entra em série B. Só não gosto quando lhe dá para as “Dolls” todas decorativas ou quando se lembra de mostrar as suas habilidades na pintura (que deixam muito a desejar)
Mário- esta expressão “unanimidades albanesas” vem do Pastilhas. Já não me lembro bem como nasceu mas foi nos debates com a Ana Albergaria, precisamente para não se ficar no consenso mole.
Zazie, o desacordo é uma das coisas de que gosto, porque dá para trocas de argumentos (sérias ou dementes) estimulantes 🙂
E matem o Takeshi!
Tenho uma relação de amor-ódio com o Godard. O amor são os primeiros filmes que a Zazie referiu (A Bout de Souffle, Le Mépris, etc) e o ódio é tudo o resto. Mas o magnífico ensaio de Elogio do Amor quase que o redimiu aos meus olhos. Quase.
Claro que o Kitano é nipo e aquela tradição vem da série B do género.
Também não perdia os Bruce Lee nem nenhum de vampiros. Há coisas que mesmo não sendo boas valem pelo género. E há géneros que só sendo excelentes se aguentam- um deles é a famosa “comédia familiar” americana.
Pois estamos de acordo, caro Antónimo. Eu falei nos anti-estruturalismos porque o Godard neste filme é bem conservador em relação a eles. È todo “existencialista”. A distopia é também a do signo- das setas dos círculos, das fórmulas a que foram reduzidos os indivíduos porque as palavras não designam apenas as coisas, a consciência está para além delas. Creio que é mais ou menos esta a ideia. Depois põe-nos a falar como livros e a dizer poesia e aí está a falar do que o cinema também é.
Quanto ao cinema americano versus europeu, é verdade que alguma diferença existe. Eu também fui um tanto esquemática na resposta ao Mário porque me pareceu que o importante é quando há ou não há boa arte. Mas é claro que o gosto pelas personagens, o lado mais intimista é de tradição europeia.
Depois existe uma máquina de fazer dinheiro ou de o perder. Cinema é luxo, é coisa caríssima, não admira que esteja sujeito a essa ditadura dos estúdios. Mesmo assim ainda hoje há excelentes cineastas americanos. Ia jurar que até os há melhores por lá que por estas bandas… Depois há gente talentosa chinoca e nipónica. Mas um Cronenberg canadiano ainda faz a diferença. E um Scorsese, apesar de algumas falhas ou mesmo um Vincent Gallo apesar do pedantismo.
Há uma tradição de acção e grandes espaços que estes dois sabem manter. O Van Sant fez para aí duas coisas giras e depois deixou de ter piada.
Eu ultimamente também tenho ido pouco ao cinema. Já me aconteceu, mais de uma vez, sair a meio ou vir mal disposta.
Quanto ao Blade Runner mantenho uma boa memória do “ambiente” do filme mas não o voltei a ver. Como disse até andei à cata dele em dvd.
Mas gosto muito de filmes de porrada americanos. Daqueles cheios de violência, é claro. Para isso ia já rever o Clint dirigido pelo Preminger, por exemplo.
Ou todo o Kitano quando não lhe dá para o decorativo. O Kitano do Zatoichi que é uma obra prima e tem um dos finais mais espantosos da história recente do cinema.
Pois é verdade. O cinema também pode ser uma arte e esse já teve melhores dias. Todos os nossos sentidos e a nossa cabecinha tendem para a facilidade. Se os habituamos mal estamos lixados. Mesmo assim este ano já vi um grande, grande filme- o do Croneneberg. Até comenti com a Cris que me apetecia mandar-lhe flores só por isso.
Quanto ao resto, só Mário, estamos de acordo- o que tu não gostas e eu também embirro é com pedantões e pendantonas
“;O))
Beijocas. Beijoca sô MP-S
E de seguida estava a pensar fazer um post acerca de uma treta em que tu dizes que não estás do mesmo lado… ehehehe
É para cortar as “unanimidades albanesas”
A mim, Zazie, não chateiam estruturalismos nem pós-estruturalismos. Sou um acumulador, não sou um substituidor: o sapiens não substitui o erectus nem é melhor que ele. Por mim, coexistiam. Sempre gostei de uma coisa e do seu contrário: acho que não compreender o contrário da coisa é não compreender uma parte da coisa. Acho que não compreender isto hoje é não compreender nada. Nenhum cinéfilo português (se calhar, mal) deixará de amar o cinema americano. Quem faz a dicotomia cinema americano / Godard, peço desculpa, mas quero que se vá fazer sodomizar por um pau de sebo. Quem vem com tédios (ignorantes ou arrogantes) a propósito do Godard, peço desculpa, mas quero que se vá fazer sodomizar por um pau de sebo. Com burros não perco tempo, com ignorantes até sim. Quando os ignorantes assim querem ficar: outra vez não. O Alphaville é amor ao cinema americano. Mas até certo ponto: o cinema americano, hoje, é estéril e chato (bidimensional e entediante). É tão estéril que até esteriliza os tipos interessantes que apanha na rede: até a lynchs e cronenbergs, às vezes (mais a este do que àquele), lá vai o pézinho prá chinelinha… (O van Sant é que anda muito bom, como se tivesse a consciência disto, calçasse a chinelinha e andasse a dançar com ela: o Last Days é uma espécie da Casa do Bartas para putos adolescentes irem ouvir Nirvana e começarem com liturgia eslava e acabarem em ruído electro-acústico – e nunca ouvirem Nirvana).
Gosto muito do andróide moribundo a lamentar a sua efemeridade perante a grandeza das suas memórias – mesmo com a pomba que foge. Até da pomba que lhe leva alma gosto. E da voz off noir que parece que o bimbo do Ridley não queria.
Gosto de americanos (escolhidos) e de russos, gosto de Fuller (em uso moderado), gosto de Demy, Lang, Stroheim (em uso muito moderado), Buñuel, Renoir (aqui e ali) e de Bresson (sem nhuma reserva), mas, Zazie, lamento, do que não gosto mesmo nada, é do gosto, sobretudo quando é bom.
Uma coisa que não pus ali atrás. Não é o teu caso nem o da C. que falam das coisas que gostam ou desgostam de uma forma lúdica e inteligente, mas embirro sinceramente com todos aqueles fazem dos outros parvos ou ignorantes se gostarem de A ou B ou detestarem C ou D. È mesmo uma das coisas que me faz espécie, como se a felicidade fosse só uma questão de ter visto isto, ouvido aquilo ou lido aqueloutro.
Nessas altura gostava de ter um botão que os enviasse para as minas de cobre da Silésia!
(ah a embriaguez do poder……)
“E repito: o Godard que gosto é este. Acima de tudo o do Pierrot, do a Bout de Soufle e do Bande à Part. “
Moi aussi!
Nesta minha mania do minimalismo comentativo, deixo as coisas muito mal explicadas!
Aqui “cinema europeu” queria designar o que tu bem chamaste: “narrativa não clássica. A noção de tempo, as circularidades, os cruzamentos o anti-estruturalismo;o hiper-texto; a poesia”.
O Bresson tem um conceito de cinema diferente das narrativas lineares e outros cineastas também alargaram a linguagem.
Acho que apesar destas experiências já terem alguns anos, ainda não as digerimos completamente porque somos afogados em linearismo básico e debiloide e para resistir necessitamos de lavar os olhos em outras fontes. Confesso que tenho ligado menos ao cinema do que ligava dantes (vejo mais dvd’s do que vou ao cinema), mas o tempo exige que nos concentremos em menos actividades para podermos fruir mais cada uma delas. O cinema e a BD e a literatura têm sofrido com a fotografia e as questões técnicas.
e o Calma Penada do Paulo Cunha Porto, é claro, esse tem o nome mais bem-achado de toda a blogosfera
é pá mas piquei-me com aquela boca da “admiração bacoca” eehehe
se ainda fosse música ou até mesmo bailado ou teatro admitia falhanços e disparates… agora cinema? cinema e popelines não falha!
é isso e leterings de templates, caramba, que ainda agora vim do Memória Inventada e apeteceu-me fazer homenagem pública ao bom-gosto.
Um bacano que escolhe um template daqueles há-de ter direito a mulheres tão lindas como a Anna Karina ou a Jean Seberg
ehehehe
“:OP
o que nunca entendo é essa dicotomia: “cinematografia europeia/versus comercial americana ou algo idêntico. Se fores aos primeiros postes do Cocanha até vais ver que começei pelos americanos- mesmo para chatear. E saltei para os russos, pela mesma razão. E voltei ao Fuller, para chatear ainda mais. E depois ia para o Demy para baralhar e seguia pelo Lubitsch para desconcertar e parava no Lang, no von Stroheim e no Bunuel para ajustar contas. E passava para o Renoir para limpar o olhar e acabava no Bresson para redimir tudo.
Mário: também gosto do Blade Runner. Por acaso até o queria comprar mas por cá ninguém ficou com os direitos e na Amazon o que não está esgotado está carote.
A grande cinematografica “europeia” é americana, se é que me faço entender… A começar pelo Ford ou pelo Lubitsch que até era alemão. O que me importa neste caso é a narrativa não clássica. A noção de tempo, as circularidades, os cruzamentos o anti-estruturalismo;o hiper-texto; a poesia; o magnífico início do filme, a mistura de géneros e a enorme frescura que ainda hoje tem.
O Godard tinha esse dom: sabia arriscar com a máquina, criou linguagens novas e é claro que isso não podemos dizer do Ridley Scott.
Neste caso lembrei-me da comparação porque ando às voltas com as distopias. Mas o 2046 até tem muito mais de Alphaville. E tem uma menina lindíssima como também já não aparecia há muito.
Mas, é claro que se me pedirem um nome de um realizador que admiro incondicionalmente, digo-te o mesmo que a Cris diz: o Robert Bresson. Sempre. Acho que desde os meus 15 anos o admiro com a mesma intensidade.
bom, admirações bacocas há muitas. Se quiser deixar aqui uma das suas para troca…
só por curiosidade: diga lá o nome de 4 realizadores que nada tendo a ver com a Nouvelle Vague não a chateiam.
É que a mim também há coisas que me chateiam à nausea mas não me tenho por bacoca em matéria de gostos cinéfilos.
E repito: o Godard que gosto é este. Acima de tudo o do Pierrot, do a Bout de Soufle e do Bande à Part. Se me diz que um destes também a chateiam então está tudo entendido.
O Alphavile é bonito, já o vi há alguns anos na 2. Mas a cinematografia europeia não é tudo na vida e continuo a gostar do Blade Runner.
“diferent strokes for diferent folks”.
Esta admiração bacoca, faz tanto “vieux jeu”!
Um dia destes ainda me vou dar ao trabalho de tornar a ver Goddard. Creio q só servirá para confirmar combien ces films “nouvelle vague” m’ennuient presque jusqu’à la nausée…
Anónima sem maldade…
oh e-ko, salut! bonjour pour toi, aussi
bisou
obrigada pelas tuas palavras simpáticas lá no outro sítio
bjs
Petit bonjour d’Alphaville, Zazie dans le metro…
Lindo Zaz
especialmente a “gaja”,… já não há, não 🙂
Pour notre malheur le monde est réel;
Mais pour notre joie, il y a la blogosphére :))
Vim aqui descansar da discussão absurda naquele lugar…
estranho que sou obrigada a responder-te que Straub nem tanto mas não me perguntes pelo motivo…
E o Godard que gosto é desta época, da Nouvelle Vague, ainda que também tenha excelentes recordações do Je Vous Salue Marie.
Mas tens razão, ele trouxe estes rostos lindíssimos para a tela e isto é que já não há, não é assim?
Nem elas nem eles. Aqui a Karina é mulher a 100% e o Edie Constantine homem a 100%. Já não ha disto
“;O)
mas a frescura da narrativa ainda hoje bate pontos a qualquer Blade Runner
A cinematografia mais radical, sem dúvida (e o(s) Straub? Nunca digas nunca, bem dizia o Bond). E quando à cinematografia mais radical se soma uma das mais belas cinematografias e mais algumas das mais belas imagens (e entre as imagens) e mais alguns dos mais belos sons e algumas das mais fotogénicas mulheres do cinema e a isso tudo se vai juntar um sentido de profundidade e uma sensibilidade que se funde com um intransigente rigor formal (e moral), então eu não diria distopia, mas eutopia: a eutopia que o Adorno perseguiu, sem nunca conseguir juntar as peças todas, nem em Berg nem em Schoenberg. Aceito o exercício: Le Petit Soldat, Deux ou trois choses, Je Vous Salue, Marie (redescoberto à pouco tempo: contarei duas ou três coisas dele noutra ocasião). Podia dizer quase qualquer outro Godard.
Muito bonito o post. Valeu a trabalheira. Digo-o num raro estado de beatitude.
tão bonito este filme de godard 🙂
Pois é, Antónimo. Ver assim juntos o Paul Eluard, o Borges e a Ana Karina e o Eddie Constantine…
Há muito que andava para postar o Alphaville. O mais demorado é “sacar” os monólogos em francês.
Apesar de tudo os meus 3 Godards favoritos são o Bande à Part, A Bout de Soufle e Pierrot le Fou.
Mas ainda hoje é uma distopia bem mais moderna que muitas que se fizeram depois. O sacana sabia inovar com a máquina. Com os travellings, com a montagem.
Za… zie.. que bonito…