Quando os macrobióticos se alimentavam de gafanhotos

Inicialmente os macróbios eram um povo indiano que vivia muitos anos. Plínio refere-o na Historia Natural, afirmando que ultrapassavam os duzentos anos.
Inversamente, como conta o mesmo autor, ao que diz, baseado em fontes de Mégastenes e Clitarco, estes macróbios tinham outros vizinhos que, ao contrário deles, nunca ultrapassavam os quarenta anos e as mulheres só davam à luz uma vez na vida. A alimentação parece que era de tal modo saudável que os tornava criaturas muito ágeis- apenas comiam gafanhotos e chamavam-lhes pandas (Hist. Nat. VII, 29)
A mistura entre a longevidade dos pandas ou a curta duração é feita pelo próprio Plínio que ao mesmo tempo cita Ctésias para confirmar que os Pandarae viviam mais de duzentos anos e nasciam com cabelo branco que ia escurecendo com a idade.

A dada altura dá-se uma confusão na etimologia da palavra macrobii, que em grego significa “longa-vida” e estes macróbios (pandas e vizinhos de pandas) tornam-se gigantes.

Fosse por efeito da higiénica e saltitante alimentação ou por motivos desconhecidos, a verdade é que a lenda de gigantes e saudáveis macrobióticos tem uma longa história.

Dos míticos belos e atléticos macróbios etíopes de Heródoto e Homero, cheios de ouro e predestinados à vida eterna, passando pelos que nunca adoecem do Liber Floribus de Lambert de Saint-Omer, até à dietética moderna-alternativa, ainda que se tenha dispensado os gafanhotos, a verdade é que, como diz o pedinte do metro- “uma alimentação saudável e equilibrada é o essencial”.

O mistério que ainda está por resolver é a correlação com os patuscos pandas- os “caras de urso-gato”, como lhe chamam os chineses. Há quem pense que a palavra panda (aplicada aos pandas vermelhos gigantes) até pode estar relacionada com a lenda de selvagens gigantes da floresta de bambu.
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consultar: LECOUTEUX, Claude, op.cit.
Como o prometido é devido,
Está série de raças fantásticas, hábitos alimentares de macróbios e outros mais íntimos das senhoras cinocéfalas, é dedicada ao António P do fim-de-semana alucinante

7 comments on “Quando os macrobióticos se alimentavam de gafanhotos”

  1. zazie says:

    e são tão bonitos, os desgraçados que não os têm deixado em paz…

    http://www.naturefriendsafaris.com/big/bushmen.jpg

  2. zazie says:

    as coisas que tu sabes, Paulo. Mas dizem que o os gafanhotos têm um óleo tramado, não sei se será bom para o colestrol

    “;O)

    beijinhos

  3. Querida Zazie:
    Os maiores comilões de gafanhotos do mundo, os hotentotes, que, quando eles aparecem mudam logo de silhueta, tamanha é a dilatação estomacal, têm uma ideia gira quanto à origem do que para nós é praga e para eles dádiva: que algures, no Norte, um feiticeiro amigo levanta de vez em quando a pedra que tapa o buraco imenso onde estão encerrados todos os gafanhotos do Mundo, para alimentar a tribo.
    E os pescadores do Sul da China têm uma que acho deliciosa e muito bem vista: chamam aos camarões os «gafanhotos do mar». Até nem temos gostos tão diferentes, bem vistas as coisas.
    Beijinho e outro à Maloud.

  4. maloud says:

    Um dia destes vai ser publicada mais uma investigação que nos promete a juventude e a vida eternas com a dieta dos gafanhotos.

  5. zazie says:

    Obrigadíssima Antónimo. Ja´aproveitei para linkar, foi em simultâneo “;O)
    Bom fim-de-semana para si também

  6. Antónimo says:

    Melhor aqui: é directo…

  7. Antónimo says:

    Lambert de St. Omer, Liber Floridus.

    Bom fim de semana, Zazie. Cumprimentos ao Musaranho.

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