aforismo de fim-de-semana

L’indiscipline aveugle et de tous les instants fait la force principale des hommes libres

Afred Jarry

43 comments on “aforismo de fim-de-semana”

  1. Antónimo says:

    Sacana do rato: ainda tem fios… (e eu a pensar que ele é que era coerente…)

  2. zazie says:

    Bem, o sacana do musaranho meteu-se à frente e decidiu responder por mim.

    Mas eu até assino por baixo o que o danado do rato escreveu

  3. Ahahahahaha

    Eu sabia que havíamos de nos entender
    “:O))))

    Mas o que é que tu estavas à espera?

    Que eu aceitasse essa de uma no cravo e outra na ferradura a assobiar para o ar?

    É claro que, ou bem que se diz que tudo o que é bom tem tom de esquerda e aí se assumem os regimes comunistas e não se foge para a social democracia, ou então tem de se apanhar com as minhas bocas

    E também é claro que, ou bem que se admite que é pura paranóia diabolizar tudo o que não tem essa cor, e aí incluir-se a mitificação dos “fassistas” do PREC que mais não eram, na maior parte dos casos do que apoiantes da social-democracia, ou então, é claro, que tens de apanhar com mais outra boca.

    A única questão que poderíamos desenvolver em conjunto nem tinha nada a ver com gostar de x ou y artista ou escritor só por ele ser de cor que se considera má. Era entender que não há Bem Nem mal à partida em ideias. E que todas elas até podem ter muito que se aproveite mas quem as estraga são a porca miséria do ser humano que é sempre igual.

    E que ninguém atinge qualquer estado de superioridade moral ou o diabo a 7 por ter uma boa ideologia. Tal como o inverso- ninguém está do lado Maligno só por não partilhar das mesmas ideias e ter convicções de ordem diferente.

    E aqui sim. Aqui reside aquilo que não entendeste logo no início deste post. O valor libertário nunca poderá ter grilhetas ideológicas ao ponto de não ser capaz de as subverter se estas se institucionalizarem.

    Por outras palavras e dito de caras: para mim, há-de ser tão legítimo alguém reivindicar-se da ideologia fascista como alguém dizer que é de extrema-esquerda ou até só de esquerda, ou até socialista. E quem diz isto diz mais. Coloco em perfeito pé de igualdade a validade de se defenderem democracias como ditaduras, em termos genéricos e com direito a existirem no mundo. Desde que com isso não lhes dê para querem impor essa ideia a todo o mundo. E isto é tão válido para ditadura como para democracia. Não acredito que imposição da segunda por meios violentos e contra o desejo dos povos seja obra Boa, em oposição ao inverso. À existência de ditaduras.

    Sou capaz de esticar estas ideias ao passado sem qualquer problema. Como sou capaz de entender que há sistemas, que por si próprios mostraram que são perniciosos e ineficazes. Ou constatar que outros morreram. Agora aquilo em que ninguém me convence é que a liberdade ou irreverência de comportamento tenha de ter cor política.

    Entendido agora? Ou vai ser nunca porque também é mais que óbvio que temos visões diferentes do mundo?
    ………….

    P.S. não comentas a minha explicação do anarquismo neo-liberal? pensei que te tinha elucidado. De facto existe. Não é boutade. E troca as voltas aos tais bons valores que enunciaste.

    Se ele me agrada é que é outra coisa. Por acaso não tenho problema nenhum em dizer que não agrada. Não me agrada o anarquismo ideológico liberal.
    Como se calhar só me agrada e agradou sempre o anarquismo do Grouxo Marx

  4. Antónimo says:

    “os equívocos acumulam-se. Só um exemplo: nunca disse que “a social democracia é que é a Esquerda”, disse que também era esquerda, quando tu a colocavas contra a esquerda…” (By Antónimo, at 12:22 PM)

    “E é claro que foste demagógico.

    Se dizes que a social democracia é que é a boa esquerda, então porque é que essa social democracia é “fassista” sempre que falamos do passado?

    Se dizes que a social democracia é que é a boa esquerda”… (By zazie, at 7:51 PM)

    Tens razão: “Passo, não vale a pena tentarmos conversas políticas.
    Masnão há crise. Há mais temas para se conversar.” (By zazie, at 7:33 PM)

  5. zazie says:

    para que fique claro aquilo que se continua a deturpar no que eu afirmei:

    1- O sistema alternativo ao capitalista que alimentou o projecto mundial da Esquerda (incluindo daquela que ainda o herdou mesmo de bandeira de rastos)- acabou. E este é que era um verdadeiro sistema ideológico, por oposição à exploração do homem pelo homem, e à divisão de classes. Por isso, digo e repito- a esquerda acabou na morte do comunismo. Acabou com a queda do Muro e não inventou mais nenhum projecto social desde aí.

    2- Dizer que com isto acabaram as tais diferenças complexas em que se podem enquadrar algumas forças políticas, é exagero.

    É claro que existem “subjectividades” que até por teste se podem detectar. Mas que, em termos de governo ou de sistema social, elas tenham alguma diferença abissal, é falso.
    Por isso mesmo, tanto se pode chamar uma boa democracia de esquerda a governos de partidos de direita do Norte da Europa, como governos -de direita- feitos por partidos de famílias de esquerda.
    É treta a ideia de que é tudo separável de risco ao meio.
    Porque nunca existem políticas homogéneas. Uns têm maior tradição socializante nuns campos (seja a saúde em Inglaterra ou na Alemanha) seja a educação em França; outros variam e o que os distingue centra-se muito mais na riqueza do país, do que na suposta ideologia dos partidos de governo.

    3- Em termos pessoais, esta dicotomia é uma enorme treta. Acredito que seja válida para quem se “formou” por ideologia. Nesse caso, chega mesmo a haver vidas ditadas por bitola, por tiques e tradições partidárias ou ideológicas onde, em muitos casos, tudo isso é maquinal.
    É assim, porque fazem parte dessa tribo.

    Mas existem em maior nº, estou em crer, milhares de pessoas não politizadas ou sem qualquer formação ideológica desde o berço.
    E nessas tudo é mais complexo. Trocam sempre as voltas às cartilhas.

    Sem se perceber este mundo que estruturado em valores bem mais profundos que as modas partidárias ou ideológicas, não se percebe nada.

    Creio mesmo que há quem tema percebê-lo. Desarranja-lhes as histórias, troca-lhes as voltas à esquadria onde já tinham arrumado, em espaços certinhos e sempre iguais, o Bem e o Mal.

    4- Por isso, meu caro, se eu digo que a Esquerda acabou enquanto projecto social, não digo que tenha acabado a mitificação das fábulas das ideologias.

    5- Tu achas que existem pessoas arrumadas em Esquerda e Direita, ainda que te baralhes para explicar o reaccionarismo do Pound e tenhas de recorrer a fantasias como o gosto pela Idade Média.

    Eu não acredito que essa divisão exista, assim como quem marcha.

    E até vou mais longe- acredito que existem pessoas que não são nada, e não é por isso que não são politizadas.

    Como acredito que um mesmo valor possa ter usos de tal modo diversos, que podes ter anarquia revolucionária perto de projectos comunistas; como podes ter igual anarquia revolucionária, perto de projectos que se lhe opõe.

    Agora aquilo que nunca conheci foi qualquer projecto “interessante”, por se basear no conformismo situacionista. Mas conheço muitos conservadorismos que são bem mais sólidos que os revolucionários e que nada têm de situacionistas.

  6. zazie says:

    E é claro que foste demagógico.

    Se dizes que a social democracia é que é a boa esquerda, então porque é que essa social democracia é “fassista” sempre que falamos do passado?

    Se dizes que a social democracia é que é a boa esquerda, porque a má foi a revolucionária, então onde está a famigerada direita que governa as sociais democracias europeias?

    Por último: se o projecto comunista desapareceu e o capitalismo é aceite como o sistema da esquerda, o que faz, no programa do PCP e do BE, a revolução para derrubar esse sistema e se atingir a utopia igualitária?

  7. zazie says:

    Melhor: em esquerda, má, sempre, a priori, e em tudo o que não é esquerda – e que só pode ser melhor.”

    Isto é uma cretinice. Total.Absoluta. Só por desconhecimento do que eu penso o podes afirmar.

    A única coisa que poderias dizer, com alguma legitimidade, é que eu não diabolizo tudo aquilo que não é PCP nem BE nem PS. E que foi graças ao PREC que não nutro a menor simpatia por esta esquerda e suas heranças.

  8. zazie says:

    Ok, pois é. Está um fim de tarde muito bonito. Também acho que o sistema de portas do metro anda avariado.

    Passo, não vale a pena tentarmos conversas políticas.
    Masnão há crise. Há mais temas para se conversar.

  9. Antónimo says:

    Felicito-me(/nos), aliás, pela sequência:

    “E acabou, meu. A esquerda acabou. Mete isso na cabeça” (By zazie, at 6:14 PM)

    “Tu achas que a social democracia é que é a Esquerda. Bom. Nesse caso não existe Direita.” (By zazie, at 9:10 PM)

    E concluo: faz, realmente, tanto sentido proclamar o fim da esquerda como o da direita… Se morreu uma, morreram as duas. Como conclusão já não está mal.

  10. Antónimo says:

    Essa cabeça que divide o mundo todo e cada um dos seus aspectos em esquerda e direita não é minha: é tua. Melhor: em esquerda, má, sempre, a priori, e em tudo o que não é esquerda – e que só pode ser melhor. Limitei-me a desmontar esse a priori – e a complexificar as tuas sucessivas delimitações do território da esquerda (esquerda só revolucionária, só totalitária, só comunista, só partidária, só portuguesa, só utópica…). Defendo que continua a fazer sentido (um sentido “estenográfico”, se quiseres) falar de um ponto de vista da esquerda.

    O Pound, é muito simples: claramente de direita, enquanto projecto político (alicerçado, aliás, nas preferências estéticas: o passado medieval, os chineses, o ocultismo…). Quer dizer que deixa de me interessar como escritor? É claro que não.
    (“É muito simples”, dizia eu: e é claro que não é – o anti-semitismo foi defendido à esquerda e o Mussolini, bem como o pai dele, foi socialista e o fascismo tem origem em movimentos operários, sindicalistas. Isto “esquerdiza” o fascismo ou o Pound? Não. Mas complexifica a questão. “You’re the top! /You’re a Coolidge dollar./You’re the nimble tread /Of the feet of Fred Astaire,/You’re Mussolini,/ You’re Mrs. Sweeney.”)

  11. Antónimo says:

    O que é que eu faço ao Pound? Essa é fácil: às vezes, leio-o.

  12. zazie says:

    Mas, como sou mesmo chatinha e teimosa, volto a repetir-te o desafio:

    se ser contestatário é valor de esquerda, o que fazes tu ao Ezra Pound?

    O que é que foi esse desgraçado de anti-semita e fascista? um sacana de Direita?, ou anarca de Esquerda? um social-democrata da boa-esquerda?

  13. zazie says:

    Antónimo:

    1- Eu nunca disse que a social democracia era anti-esquerda. Ou o seu oposto. Disse que, como projecto de mudança radical de sociedade nunca o foi. Os únicos que a tiveram- à utopia- foram os comunistas, e até os socialistas que ficavam por utopia intermédia. As restantes variações democráticas da tal costela inglesa até eram, no passado, tidas por exemplo de decadentismos reaccionários. Por cá, no prec, quem se aproximasse delas era “fasistas”.

    2- Quanto ao anarquismo já te dei o exemplo do que acabou por se aliar ao fascismo italiano. E, actualmente, tens correntes de liberalismo anárquico. Até aqui na blogosfera podes ler alguns deles. No Causa Liberal, no Blasfémias- pelo João Miranda. Mas é uma das correntes mais extremas do desmantelamento do aparelho de Estado. O tal que está à cabeça no projecto neo-liberal.

  14. Antónimo says:

    Respondo só ao que me perguntas (se bem que os equívocos acumulam-se. Só um exemplo: nunca disse que “a social democracia é que é a Esquerda”, disse que também era esquerda, quando tu a colocavas contra a esquerda…): “anarquismo liberal” não sei o que é. Fernando Pessoa? Confundir o anarquismo com o “espírito anárquico” de que falavas antes é como discutir o comunismo segundo um espírito comunitário, de Cristo às aldeias de Trás-os-Montes: confunde mais do que esclarece e acaba por ter muito pouca utilidade. “Anarquismo ultra-liberal” e “anarquismo liberal”, olha: nunca comi.

  15. zazie says:

    É que para mim a coisa é simples- não confundo modos de estar na vida com sistemas sociais ou ideologias.

  16. zazie says:

    Bom, estive a reler. Já percebi de onde vem a confusão.

    Tu achas que a social democracia é que é a Esquerda. Bom. Nesse caso não existe Direita. Porque os regimes que temos (pelo menos nas rendondezas europeias) são sociais democracias governadas em alterância por partidos que se reividicam de famílias mais para a esquerda ou mais para a direita. E nem sequer as aplicam, de forma homogénea, a todos os sectores. Não existem governos de esquerda – em tudo, por oposição a governos de direita em tudo, nas sociais democracias europeias.

    Logo, repito, quem se nega és tu pois não sei onde arrumas então a famigerada direita.

    Por outro lado, o anarquismo já esteve ligado à direita- dei o exemplo do futurismo e o Marinetti, de quem o Jarry se aproximou (tal como os russos vanguardistas) foi fascista e anarquista. Foram-no todos, praticamente.

    Em relação ao presente, só posso voltar a perguntar-te. Se achas que a social-democracia é de esquerda, onde arrumas o anarquismo liberal?

  17. zazie says:

    Os textos até são anteriores e ele fez mais do que uma versão até serem publicados na no Mercure de France em 1897, depois e, depois representado no teatro des Pantins em 1898, O Ubu enchainê foi publicado na Revue Blanche em 1900, representado em 1906 no teatro das Z-Arts. A inspiração não vem dó da figura do professor, baseia-se também na peça Les Polonais e a uma tradição oral que vinha do Douanier Rousseau. É claro que a Polónia, os russos, o Czar, a ditadura é ficção, é o Pais de Parte Nenhuma. A Polónia estava dividida entre a Rússia e o Império Austro- Húngaro, o fundo guignolesco e rabelaisiano é o mais importante.

    Tenho aqui as obras completas e estava a confirma-lo. Ainda que a publicação do primeiro manuscrito do Ubu cocu só seja publicada em 44.Tens razão, não é por aí que é crítica ao que estava para vir. Mas antecipa-a e bem.
    E, de qualquer forma, não há a menor militância política do Jarry em qualquer esquerda possível. O “panorama” é anárquico e até se aproximou do Marinetti.
    ———-

    Quanto ao resto, não tive tempo de reler e até pode haver equívo. Apenas retive o teu comentário entusiasmada a esta citação- é de esquerda. E, quando eu acrescentei que até podia ser anti-burguês, tu ainda te entusiasmaste mais e disseste que então era de extrema-esquerda.

    Eu apenas me limitei a dizer que o Jarry não se enquadra em tribo ideológica esquerdalha e depois tu entras naquelas “variantes” da “minha esquerda” que não é essa- a que tem ligação ao comunismo, e eu fico perfeitamente na mesma porque não sei que diabo de esquerda tão gira e anárquica é a tua.

    Muito menos se ela se prende com algum passado político português, ou algum presente (são coisas totalmente diferentes) ou se é coisa artística internacional em que o anarquismo seria sempre o ponto central e impossível de ter a menor ligação a outra coisa que não seja a tal “esquerda”.

    Foi a isto que respondi. E creio que nisto nunca nos vamos entender.
    Por um lado eu tenho sempre a ideia que a criação artística é libertária, por outro, em termos político-partidários, não tenho a menor simpatia por qualquer esquerda que hoje em dia exista.

    E, mesmo nesse aspecto, acho que é uma falsa dicotomia pois só exprime “sensibiliades” e subjectividades. Como disse e repito- em termos de projecto social diferente- a esquerda acabou. O que existe hoje em dia é social democracia. As pitadas de variação não levam a daí se possa retirar qualquer sistema ideológico-político alternativo.

  18. Antónimo says:

    (Mesmo em sentido largo, aceitando a SFIO, em vez do PCF, que só foi fundado em 1920, tendo o Jarry morrido em 1907. Ou seja, 10 anos antes da revolução “de Outubro”.)

  19. Antónimo says:

    Bom… se te deres ao trabalho de leres o que eu escrevi (não estou a ser irritante: se leres, sem ser em diagonal, aquilo que escrevi), verás que não é a mim que respondes. Não vou enumerar os equívocos, porque isso reiniciaria a discussão que já não me parece proveitosa. No entanto, se isso para ti fizer sentido, fá-lo-ei com todo o gosto.

    Limito-me a repetir a última questão que tinha pertinência para mim: qual é essa história do Ubu Enchainé e do PC?

  20. zazie says:

    Antónimo,

    Desculpa só agora responder mas estou sem tempo para a net.
    Ainda assim vamos lá a ver se nos entendemos:

    1- Tu insistes numa dicotomia esquerda/direita onde arrumas a humanidade por meras questões afectivas: a irreverência, por exemplo, ficava desse lado. Questão totalmente errada- se assim fosse o futuristas tinham sido de esquerda. E, obrigatoriamente anti-fascistas.

    Ora não foi nada disso que sucedeu nem esse critério é válido.
    Eu não uso o critério esquerda/direita para enquadrar as pessoas. Apenas o aplico quando elas, por via de politização, passam a apoiar uma série de regimes ou ideologias concretas. Não foi esse o caso do Jarry e na época em que ele viveu. O regime a que se poderia chamar esquerda era realmente o comunista. Ora ele criticou pelo non-sense todo esse totalitarismo. O que não o obriga a ser de direita, como tu insistes. E insistes porque o teu problema é que uma pessoa se não é da boa esquerda iconoclasta tem de ser da má direita reaccionária. E depois queres que os regimes vão atrás delas em vez do contrário.

    Eu apenas uso o critério esquerda/direita para regimes políticos e não recuo muito no tempo. Não faz sentido encaixar essa dicotomia da pré-história aos nossos dias.

    Como não faz sentido encontrar na irreverência um bom factor de esquerda a aplicar, abstractamente, em todos os tempos e a todas as manifestações ideológicas.
    Houve alturas em que os irreverentes até foram os nobres, face ao situacionismo burguês. Como houve outras em que essa iconoclastia acabou por se misturar com o nacionalismo fascista. Assim como houve outras em que, temporariamente, houve gente em barricada oposta à custa de ideias idênticas- tens exemplos no início da revolução bolchevique por paralelo com o fascismo italiano. E tens tudo isso, sempre de forma muito mais interessante no meio artístico.
    Os artistas, por inerência, quando são verdadeiramente criadores, têm de ser desalinhados, iconoclastas e anti-situacionistas. Aconteceu quase sempre com os melhores. Se queres um exemplo para te entreteres dou-te já um: o Ezra Pound

    Beijocas.
    ……………..

    Quanto ao anarquismo também não o confundo o espírito anárquico que se pode ter, com um projecto social.
    Tens anarquismo ultra-liberal nos nossos dias. Não sei se o incluis na tua boa Esquerda

  21. Antónimo says:

    (Não concebo, mesmo, nenhuma indisciplina cega e de cada instante fora do anarquismo. É o curto-circuito de toda e de qualquer autoridade.)

  22. Antónimo says:

    É uma maneira de ver: que não me parece a melhor (mas que é melhor do que outras…).

    Quanto à parte teórica, estamos conversados. Acrescento só isto: a indisciplina parece-me um valor mais facilmente de esquerda, assim sem mais conversas. Com conversas é que se poderá encontrar num ou noutro tipo de direita (e muito dificilmente numa ou noutra direita…).

    Quanto ao Jarry: era demasiado irreverente para caber aqui ou ali, concordo. Mas não sei de onde é que vem essa de que o “Ubu Enchainé” se fez contra algum PC. Gostaria que me explicassem (digo-o sem qualquer espírito de polémica: ou seja, gostava de saber de onde é que essa vem). Se há algumas encenações dos Ubus claramente anti-estalinistas, dificilmente serão de direita. A herança do Jarry fez-se pela esquerda, mesmo quando tão heterodoxa (mas tão esquerda) como a do Artaud. Todo o ciclo Ubu tem origem num professor de liceu, o mestre Felix-Frederic Hebert (o “Père Heb” original), que afirmou coisas deste género durante a sua carreira política (cito em inglês, por causa do corta e cola):

    “Before nightfall next Sunday, we are, to be quite blunt about it, certain of the defeat, not only in our town but in all France, of the alliance of Freemasons, Socialists and Dreyfusards”

    Um dos seus alunos caracterizava-o assim: “ultra-conservative, Catholic to the point of anti-semitism, the worst sort of reactionary” (http://www.pataphysics-lab.com/sarcophaga/daysures/Documents%20Pertaining%20to%20Ubic%20Gestation.html).

    Elizabeth K. Menon, num artigo interessante (http://www.findarticles.com/p/articles/mi_m0425/is_n3_v52/ai_14538992/print), onde debate a função da escatologia em Jarry põe assim a questão: “Hatred of the bourgeoisie manifested itself in the ideas and practices of the anarchists. Within this broad context, Jarry’s use of the word merde and the scatological content of the Ubu plays can be compared to the anarchist philosophies of propaganda by word and propaganda by deed.”

    Pois, cá está: o anarquismo – a outra e não mencionada esquerda. Será porque o anarquismo passou a ser de direita?

  23. zazie says:

    Por acaso até sou mesmo mais teimosa do que se possa imaginar. Lá isso é verdade. Mas, se teimei, foi porque tu é que não compreendeste o que eu estava a dizer:

    em resumo: individualmente as pessoas são demasiado complexas para se encaixarem dessa forma dicotómica, ainda que haja algumas que fazem luxo nisso…

    O que não invalida que aquilo que dizem que são corresponda a qualquer projecto social diferente do da tribo oposta.

    Entendeste? no caso do Jarry ele nem entrava nessa. No meu caso, não faço testes mas tenho mil e uma embirrações tribais, no teu, estás convencido que és de esquerda
    “:O)))

  24. Antónimo says:

    Vai onde tu quiseres, desde que venhas… À destruição do totalitarismo comunista de qualquer época já respondi: ou não compreendeste – ou és mais teimosa do que parecias (o que eleva a escala universal da teimosia para valores insuspeitados…). E até te atiro com a tua argumentação outra vez para o colo: se achas que o Jarry é direitalho eheheheheh (vai lá ver o que é que a direita da época achava dele eheheheh)…

  25. zazie says:

    Se fazer em cacos o comunismo da época era manifestação de esquerda, então vou ali e já venho

    “:OP

  26. zazie says:

    Pior, digo eu. Então o socialismo existe? O PS é socialista? Eu pensava que tinha metido o socialismo na gaveta e tivesse aderido à social-democracia…

    A esquerda foi isso. Foi. No passado, quando tinha projectos de sociedade que estavam para além dessas metafísicas de “sensibilidades” de que hoje se fala. Teve projectos que implicavam alterações profundas nas relações de produção, na propriedade, e nas forças produtivas. Se era por revolução ou de forma mais lenta, não importa. O fim era bem claro e nada tinha de utopia capitalista.

    Isso acabou. O que agora existe são bandeiras de causas perdidas que pretendem subsistir por herança. Mais nada. E como não há mais nada, têm de recorrer a metafísicas de “eu sou de outra esquerda”- se te pedisse para concretizares isso em termos político-partidários estou mesmo a ver que te baralhavas.
    Em termos pessoais não importa. Também me estou nas tintas para ser de esquerda ou de direita. Sou capaz de ter posições à esquerda da esquerda, numas questões e à direita da direita, noutras. Mas não entendo que isso possa corresponder a qualquer proposta de sociedade diferente- a social democracia. Podes meter-lhe mais uma pitada liberal numas tretas ou menos noutras mas não sais daí.

    Acabou a utopia. E o último reduto totalitário passou para a ditadura do “politicamente correcto”. E não me convencem do contrário.

    E quem perdeu tempo com os conceitos foste tu que achaste que o Jarry era esquerdalho num texto em que satirizou o totalitarismo comunista

    ehehehe

    “:O)))

  27. Antónimo says:

    Bem, agora ainda pior! Então a esquerda tem de ser revolucionária? Deixas de lado toda uma tradição anglo-saxónica, até especificamente britânica, para não ser demasiado vago, tradição expressamente socialista, mas não revolucionária – nem sequer marxista e já depois do Marx (daí constituir o meu exemplo). Ficou conhecido por “fabiano”, esse socialismo, e ainda hoje reclama uma situação esquerdista. Isto a bem da argumentação, porque também não é essa a minha esquerda… A minha é mais a indisciplina cega e de todos os instantes.

    É pá, é que se queremos comunicar, a linguagem e os conceitos não podem ser uma coisa privada que usamos e manipulamos como nos apetece. Sobretudo estes atalhos, não muito profundos, de esquerdas e direitas – de bom e de mau, de verdade e mentira… Servem só para contar a história mais depressa. Perder muito tempo com eles é um contra-senso…

  28. zazie says:

    por isso, vê lá se também ficas a falar sozinho e, ainda por cima, de bandeira escondida a arrastar pelo chão

    “;OP

  29. zazie says:

    Não te baralhes tu que também és um querido “:O))))

    Então se ser de esquerda é ser social democrata temos para aí, pela Europa fora, uma série de sociais democracias de esquerda governadas por partidos de direita
    Ahahha

    E se ser de esquerda é pagar os impostos, então até o Salazar era de esquerda.

    É pá, isso da aferição por sensibilidades é metafísica a mais para a minha cabeça.

    Eu sei o que são programas que ainda defendem a revolução para se atingir o comunismo- e aí temos o PCP- como um verdadeiro partido de esquerda. Temos depois o BE que tem vergonha de incluir coisa idêntica no programa e diz que é de esquerda à custa do folclore fracturante. De seguida, existem todos os outros que também devem ser de esquerda, à excepção de folclores racistas, sem qualquer possibilidade eleitoral.

  30. Antónimo says:

    Pareces uma querida (não és tu, Dragão, é a Zazie), mas ainda não te convenceste disto: o mundo não é como te convém…

    A esquerda não é nada disso, se bem que uma fracção da esquerda tenha sido isso. Para além do mais, a social-democracia é, inequivocamente, esquerda – se bem que, de maneira nenhuma, a minha esquerda.

    Não dês voltas às coisas que te deixem a falar sozinha…

  31. zazie says:

    Mas tá claro que sim. A esquerda era isso. Era a ideia num sistema produtivo anti-capitalista e numa revolução mundial que criasse a utopia igualitária na terra.

    E cumpriu-se, sistematicamente, no exemplo totalitário da URSS.

    E acabou, meu. A esquerda acabou. Mete isso na cabeça “:O)))

    O que agora anda para aí a dizer que é esquerda é social democracia com folclore politicamente e novas causas totalitárias a que chamam das minorias.

    E o Jarry nunca foi esquerdalho.

    “:OP

  32. Antónimo says:

    Mas, ó pessoal, a esquerda é o PC(‘s)? Ou qualquer coisa sistemática e autoritária? Olhem que não, srs. drs., olhem que não…

  33. Ana e Ónimo says:

    Ah! está bem. Percebemos. Obrigados.

  34. zazie says:

    admite tudo: anónimos; anódinos; vips e heterónimos de laurel and hardy.
    Basta fazer o registo, tal como eu.

  35. Ana e Ónimo says:

    Este blog não admite comentários anónimos?

  36. zazie says:

    ehehehe

    é uma bruta crítica ao PC
    ………………………..
    “LES 3 HOMMES LIBRES, LE CAPORAL
    ― Nous sommes les hommes libres, et voici le caporal ― Vive la liberté, la liberté, la liberté ! Nous sommes libres ― N’oublions pas que notre devoir, c’est d’être libres. Allons moins vite, nous arriverions à l’heure. La liberté c’est de n’arriver jamais à l’heure, jamais, jamais ! Pour nos exercices de liberté. Désobéissons avec ensemble… Non ! Pas ensemble : une, deux, trois ! Le premier à un, le deuxième à deux, le troisième à trois. Voilà toute la différence. Inventons chacun un temps différent, quoique ce soit bien fatiguant. Désobéissons individuellement ― au caporal des hommes libres !
    LE CAPORAL
    ― Rassemblement ! (ils se dispersent). Vous l’homme libre numéro 3, vous me ferez deux jours de salle de police, pour vous être mis, avec le numéro 2 en rang. La théorie dit soyez libre ! ― Exercices individuels de désobéissance… l’indiscipline aveugle et de tous les instants fait la force principale des hommes libres ― Portez… arme !
    LES 3 HOMMES LIBRES
    ― Parlons sur les rangs ― Désobéissons ― Le premier à un, le deuxième à deux, le troisième à trois ― Une, deux, trois !
    LE CAPORAL
    ― Au temps ! Numéro un, vous deviez poser l’arme à terre ; numéro 2, la lever la crosse en l’air ; numéro 3 la jeter à 6 pas derrière et tâche de prendre ensuite une attitude libertaire. Rompez vos rangs ! Une, deux ! (ils se rassemblent et sortent en évitant de marcher au pas)”

  37. dragão says:

    Falta-lhe o contexto, à frase. Se o Antónimo soubesse do contexto (presumo que não conhece e peço desculpa se presumo mal) nem a brincar alvitraria a hipótese do “Jarry canhoto”.

  38. zazie says:

    está muito para além disso tudo.

  39. Antónimo says:

    “que esquerda, pá? o Jarry era anti-burguês e eu também”: bom, pá, isso já é extrema esquerda.

  40. zazie says:

    muito “quântico” esse ha ha… o que se segue é igual ao anterior.

  41. merdinhas says:

    «Ha ha» disait-il en français; et il n’ajoutait rien davantage.

  42. zazie says:

    que esquerda, pá? o Jarry era anti-burguês e eu também

    “;O)))

  43. Antónimo says:

    Com o gozo acrescido de te ir chatear (pelo menos um bocadinho): isto é que é a esquerda! Mainada.

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