O paradigma coxo
Corre por aí o boato da possibilidade de confirmação da regressão dos espécimes blogosféricos, o que é pura má-fé – desculpem o pleonasmo, já que a fé é, por natureza, de má índole.
Pois bem, para provar a falsidade da atoarda e fazer frente à ofensiva criacionista evangélica, que ameaça bloquear o progresso científico, acabo de ser convidado para o cargo de figura parda do temerário blogue do reino animal .
Sem querer estragar a surpresa, posso desde já adiantar aos leitores que, a partir de agora, quando por lá navegarem, para além do habitual rato, deverão também ter sempre um pedaço de queijo bem próximo do monitor.
Um grande bem-haja a Darwin e outro à intrépida cientista Palmira Silva que me dirigiu o convite, no seguimento deste manifesto .
Contamos com o vosso contributo; não se esqueçam do queijo- de preferência um bom brie de Melun.
7 comments on “O paradigma coxo”
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Aahhaha a minha dislexia é no que dá, troco-te sempre o nome
“:O))
Era contigo que estava a falar, claro, Antónimo. E até me esqueci de agradecer a oferta da carabina.
Tens razão. Teoricamente é esse o pano de fundo. E, aí, aplica-se a essa incapacidade de reflectirem sobre a própria linguagem.
Mas isso costuma acontecer quando estamos perante grandes cientistas. Ou seja, daqueles a sério que trabalham 12 hs por dia e estão entre aquela dúzia e meia de investigadores de todo o mundo. Aí sim, e “conheci” mais ou menos o meio. É algo impressionante porque, se também assim não fosse, não eram capazes de chegar a uma qualquer fórmula que é apenas um grão de areia no meio do caos de uma Ciência que já não tem o sistema único e muito menos o caminho traçado para chegar à chave.
Essas pessoas não conseguem falar de mais nada. São uma espécie de extra-terrestes. Ainda que consigam sublimar o que falta no escape de uma ironia espantosa. (acho que se não fossem génios podiam sempre ter carreira garantida no show-bizness como humoristas. Aí são os melhores, frios, distantes, implacáveis e absolutamente anárquicos quando largam o escape para a sátira.
Neste caso é diferente. Porque, para além do positivismo há um enfatuamento de status feito muito mais à custa do que faltava colocar ao lado dos nomes (como muito inteligentemente quis dizer o nosso Mário da Retorta). Aquela censura é mera fraqueza teórica e patapoufice balofa. E é de esquerda. Aposto. Tem de ser. Desculpa lá mas, se não é de esquerda é porque a costela da fuçanga ateia ainda fala mais alto.
Mas tu terminaste o post com uma frase tão simples que diz tudo. Acho que a vou postar assim mesmo. Sem comentários. Pensem lá o que quiserem. “ a Ciência é incapaz de pensar”.
Boa Pascoa, rapaz. Só honras a casa quando por aqui apareces
beijinhos
(Beijocas. Boa Páscoa)
Com coisas para ler, acho que o António é aqui o Antónimo e respondo eu:
A mim, Zazie, parece-me simples: o positivismo nunca se deu bem com filosofias nem com dúvidas – e muito menos com a decadência da Ciência como paradigma do Saber. E é ver a malta das ciências, de larga e sub-reptícia formação positivista, a zurzir nos “pós-modernos” e nos Foucault, Deleuze e Derrida e na reduzida cultura científica dos “filósofos” e não sei que mais. Depois não vêem a reduzidíssima cultura “filosófica” dos cientistas: mais – não vêem a incapacidade de pensarem os próprios modelos teóricos que criam, para lá dos mecanismos que os criaram. A Ciência, repito-me, é incapaz de se pensar.
Olá António,
Vou ler isto com mais atenção porque me parece muito interessante.
Entretanto, se tiveres alguma ideia que explique o histerismo dos nossos “cientistas” mediáticos à custa disto, agradecia.
Palavra. Eu sou uma básica e há coisas que não percebo. Aqueles do Rerum Natura apagam-me todos os comentários. Todos. Apenas por mostrar as bacoradas vergonhosas da Palmira naquele post sobre o Génesis.
Apagam como os inquisidores do Santo Ofício! isto é que é impressionante. Palavra. Ultrapassa-me o meu fraco entendimento.
É que, eu se sentisse ganas contra aquele anormalizinho do evangélico criacionista da banha-da-cobra (e admito que se sinta, eu também sou temperamental) a primeira coisa que fazia era averiguar quem financia o gajo!
Ponto final. O que importa é saber-se quem paga estas coisas e com que intuitos. Ainda que o resto seja folclore. Agora inventar-se cruzada por cá? só para fazer passar o jacobinismo tuga?
E sacrificar todo o saber, abastardar a Ciência e a História e até a Filosfofia para fazer as cabeças das pessoas e catequizá-las com ateísmo?
À custa da evolução das espécies?
Palavra que já me ri a imaginar uma viagem no tempo. Se me tivessem contado há uns 20 anos atrás que ia assistir à descendência da família Buescu em palhaçadas destas ou ao Fiolhais, de quem comprei tanto livrinho de divulgação científica para alargar a mente da juventude caseira, não acreditava.
É que não há ponte possível. Não entendo. Ando a sentir-me cada vez mais extra-terrestre.
Ou anda loucura à solta ou também temos lobby e patrocínios. Sei lá… já estou por tudo. É cada um com tanto cargo e sem a menor preocupação na seriedade do que se escreve.
Como se agora até a Ciência tivesse virado tablóide na blogosfera…
Já leio o texto. Estou para aqui cheia de trabalho e tenho de dar bilbiografia por causa do post dos beja-cus. A brincar, a brincar que isto não é outra coisa, mas com rigor e seriedade. Não gosto de vender historietas da carochinha e muito menos falsidades.
“The origin of the stretch-limo
(The Economist, 8/21/99)
Why do some Americans, so Darwinian in the commercial world, prefer to think that life began in the Garden of Eden?
AS A good story, it is hard to beat. Give the Almighty five days, and He completes the heavens and the earth and assorted beasts and creeping things. One more day, a scoop of dust and a puff of divine breath and hey presto! there is Adam. The poetic language of the first few chapters of the Book of Genesis has kept painters busy for centuries. As an account of the beginnings of life, it is certainly easier reading than Charles Darwin’s “Origin of Species”, the book that laid the foundations of evolutionary biology in 1859.
So perhaps it is no wonder that, in the United States, some people are so moved by the Genesis account that they refuse to believe any other explanation of the origin of life. After all, they say, no eyewitness observed humanity emerge from primeval slime or evolve from apes, while at least God was there to record His own acts. Now, creationists have managed to undermine the teaching of evolution in schools in Alabama, New Mexico, Mississippi, Louisiana and Georgia. Their latest triumph has been to persuade the State Board of Education in Kansas to make teaching evolution an optional extra to the standard science curriculum. In future, Kansas school children will neither have to learn, nor be tested on, the origin of species through natural selection, or the idea that the universe began with a cosmological big bang.
Whatever your religious beliefs, there are several oddities here. One is that, whereas in 1859
Darwin’s book stirred up outrage among churches and churchgoers, nowadays his views are no
longer seen as inextricably alien to the Bible and Christianity. They can be a basis for atheism, for
sure, and often are; but they can also be seen, by the many believers who take the Bible’s words
as impressionistic rather than the literal truth, as merely a depiction of the way divine creation has
worked. Another, though, is a more America oddity. There is no more Darwinian society than the
United States, no society that operates so clearly according to selection by experimentation and the constant elimination of mistakes. And yet many Americans still believe that Darwin was wrong.
The ascent of mammon
In America companies rise and fall with the certainty of species. Predators weed out the weak; new mutations launch successful IPOS; organisms grow more nimble as they evolve to fit their particular niche. For the individual, little in the way of a social safety net stands between success and social extinction. Indeed, America’s economic success over the entirety of the 140 years since 1859 is surely explained by the fact that, while the United States embraces a Darwinian approach to economic life, competitors in Europe are keener on Darwin as a work of scientific literature.
That is the real, natural America, for which children need to be prepared. Darwinism is even the basis for the agriculture on which Kansas depends: the biological revolution that began with Darwin’s work has provided the basis for much of modern farming (America is the world’s biggest agricultural producer); and now for new industries based on biotechnology and genetics (in which America also leads).
There is, however, another Kansas tradition, that of “The Wonderful Wizard of Oz”. As they were wandering down the yellow brick road, Dorothy asked the scarecrow to tell her a story. “My life has been so short,” he replied, “that I really know nothing whatever. I was only made the day before yesterday. What happened in the world before that time is all unknown to me.” He thought that he had no brain and no knowledge. But then he, Dorothy and their pals triumphed over the wicked witch. Survival of the fittest, again. Or pure luck. Darwin’s theories could accommodate both.”
Em: http://www.idst.vt.edu/modernworld/d/DarwinA.html
(Quanto às ameaças físicas: tens aqui uma espingarda. Beijocas)
Pode pois, António…
Mas olhe bem para o calendário
Ehehe
Os meus ódios de estimação têm outro nome: a prosápia balofa que acompanhada a incapacidade de se saber rir de si próprio e a prepotência que não sabe lidar com a liberdade.
A blogosfera é um reduto de liberdade. Cortá-la para alimentar egos e preferir as subserviências é prova de fraca filosofia. Nunca tinha recebido ameaças físicas mas, à custa desta palermice da censura científica já apanhei com ela vinda por mail. Está visto que veio de um dos que se roça nos mestres a ver se pinga alguma coisa. Mas veio. E está guardada, por causa das coisas…
P.S. se reparar, o convite para o musaranho não veio daí. Veio da Palmira que é muito mais engraçada
“;O))
Zazie,
Pode ser um “blue stilton” ?
Já vi que o seu ódio de estimação é o Desidério.