o trabalho dos outros liberta
Como forma de encobrir esta evidência, muitos autores e responsáveis pela gestão dos “recursos humanos” (e esta expressão já é reveladora da ideologia subjacente) dedicam-se ao estudo minucioso dos factores de motivação, da simulação de competências, da promoção de sentidos vários para o conteúdo dos trabalhos. Para tal, socorrem-se de todas as pequenas misérias humanas, às quais somos sensíveis: o dinheiro, a segurança, o prestígio, a afectividade, a “realização”, enfim, toda uma panóplia de coisas e sentimentos que visam melhorar a auto-estima de cada um.
(…)
Eu já fiz a minha parte. Fui ao site dos libertadores, assinei “Vão roubar para a estrada” e digitei um número qualquer com sete algarismos.
Os meus dados foram submetidos com sucesso.
26 comments on “o trabalho dos outros liberta”
Comments are closed.
E que história é essa do feliz aniversário?
hummm…? então não viste que o aniversário do cocanha até foi festejado com o Carmina Burana que tu ofereceste?
beijoca, seu doidinho
Que ministério?
De que falas, rapaz?
Vs. ficaram maluqinhos com um postal tão bacano.
É claro que o marxismo fala da escravatura do trabalho mas também só viu a humanidade com esse destino.
De resto, a historieta resume-se a ver quem é mais escravo: as hordas de consumistas enfiados em hipermercados ao domingo, ou os merceeiros a granel, a “libertarem” a condição humana da escravatura da mercearia de esquina…
Está visto que não é preciso ser beata ou comuna para se ficar do lado oposto à catedral do consumo.
Eu até podia argumentar que é muito mais infereriorizante e limitador basear a diferença entre trabalhadores e não trabalhadores numa essencial diferença ontológica (baseada na genealogia, na função social ou na raça) do que em mecanismos económicos. Eu até podia argumentar de que não me lembro de nada na obra de Marx que aponte para a libertação do Homem pelo trabalho (muito pelo contrário: é a denúncia do homúnculo alienado pela indústria mecânica). Não o vou fazer. A questão resume-se a isto: “Que faça o ministério o que não faz a consciência”. Se encontras grandeza nisto, faz o favor de ma explicares.
Beijocas, feliz aniversário.
Eu sei que no teu caso é um mal que vem só
ahahah
Mas a historieta não se divide entre comunas e neoliberais, ou merceeiros da esquina e mereceirões a granel. O post é sobre a alienação do trabalho e a fuçanguice- dos que não sabem fazer mais nada ao domingo, a não ser enfiarem-se em hipermercados; e a fuçanga do lucro, desses “libertadores”
«Temos nada, Sir Francis. Com um nome destes devias fazer honra ao teu antepassado pirata nobilitado e desprezares estes merceeiros a granel que nem abordagens corajosas são capazes de fazer.»
Claro que não concordo nada com o PCP e o BE. O dia do sol para mim é tão solarengo como os outros.
O curioso é que a argumentação do PCP e do BE não tem nada a ver com a exploração de trabalhadores por parte das grandes superfícies. Tem a ver com a protecção do pequeno comércio. Usam argumentos económicos errados, do lado errado.
Lá porque sou ateu tenho de piscar o olho ao Marx? Não era nada disso que pretendia fazer com o meu último comentário.
Além do mais o CC fez uma excelente crítica à própria noção de cruz do trabalho.
Vs. precisam de comer muito até arranjarem ateuzinhos que cheguem aos calcanhares destes católicos
“:O)))
Quem é que reduziu o Homem ao valor económico? foi a Idade Média ou foram os burgueses?
Qual a diferença entre esse economicismo marxista e o neoliberal?
olha-me que tu tens de te esforçar mais para venderes a banha-da-cobra, ó meu afilhado endemoninhado
ahaha
beijoca
realmente… as alternativas ateias são excelentes…
escolha a jacobinagem com o dia de trabalho para a Nação
“:OP
Velhinha argumentação, porque, na Idade Média, a Igreja nunca soube bem o que pensar do trabalho. Já quanto à escravatura e ao proletariado teve menos dúvidas – teve menos dúvidas até muito tarde. Entre merceeiros e ratos de sacristia venha o diabo e escolha.
Olha o José a dizer tudo que eu também penso e ser atacado pela poltranice.
É assim, somos extra-terrestres. Já ninguém percebe a diferença, o relativismo é que está a dar; ao mais elementar sentido de justiça chamam-lhe inveja.
“:O?
Sir Francis endemoninhado:
Essa treta dos Fedorentos é outra em que estou do lado da barricada contra a poltranice.
Vai à GL e lê os postes do José e tens nos comentários o que eu penso
Meu caro, sou leopardina, à Lampedusa, não contes encontrar por estes lados com basbaquice por artistas de rádio e da tv pirata. E, muito menos, por dar cobertura a esta falta de ética geral que passou a ser branqueada pela santificação do “sucesso”.
este gajo (o metropolis) cilidra-me sempre com estas tiradas naquela língua de carroceiros.
Se não podia ter dito em língua de gente. Obrigou-me a ir ao Google
ahahaha
Temos nada, Sir Francis. Com um nome destes devias fazer honra ao teu antepassado pirata nobilitado e desprezares estes merceeiros a granel que nem abordagens corajosas são capazes de fazer.
O PCP defende o mercantilismo do proletário herói do trabalhinho e não passa daí. O sindicalismo é isto, o homo economicus marxista. Os gajos do BE são piores, só por populismo é que fingem que estão com os pequeninos. Quando a verdadeira questão não é esta: é a do neoliberalismo que eles também apregoam.
È o mito da crença da espiritualidade de catedral de consumo. O mercado levado para o altar, a beatificação das leis da economia e os santinhos da “grande superfície”
Somos um povo cada vez mais possidónio. Vais para Hampstead, e só encontras a boa merceariazinha de bairro e a vida à antiga, onde se faz compras pequenas, sem ser para encher arcas frigoríficas e se aproveita o tempo livre para passear no campo, nos jardins, ir a espectáculos, ou pura e simplesmente dar gozo ao otio cum dignitate- como lhe chamavam os romanos
………
já vou ver o video. Obrigada pelas prendinhas.
………
Antonimo:
é mesmo uma polémica velha. Estas coisas desapareceram. Foi isso que me espicaçou a curiosidade. Há fenómenos de geração que às vezes se apanham num simples post como este do CC
…………
beijoca metropolis
Ainda bem que temos partidos como o PCP e o BE a defender o santo dia do sol.
E já que eu mencionei direitos de autor:
http/youtube.com/watch?v= kPNC1WsVxdU
Proteja a lei o nosso Santo Domingo à força, porque já ninguém quer saber da santidade para coisa nenhuma – só uma macumba ou outra quando se está com tusa pelo vizinho do lado ou o tachito vinha a calhar para mais uma semana de férias no Algarve. Que faça o ministério o que não faz a consciência. Brilhante, mesmo (mas velha, muito velha – a polémica e a argumentação).
Já que se fala nisso, nunca compreendi muito bem o verdadeiro alcance do ‘Arbeit macht frei’: seria alguma espécie de jogada psicológica com os deportados (muitos acreditavam realmente que die Arbeit konnte frei machen) ou apenas o sentido de humor do Hess?
Nao li ainda o texto, que parece excelente. O elogio da preguica nao é uma ideia nova, mas muito verdadeira: quem trabalha nao cria, nao pensa, etc, há muita gente que nao devia trabalhar tanto.
mas a demagogia daqueles merceeirões a granel é cá uma coisa….
Os “libertadores”; os revolucionários, a quebrarem as grilhetas dos espoliados do bacalhau enlatado, contra os opressores dos tremoços do manelinho da esquina
“:O))))
Para o video tens aqui um linquinho com mais ligações a outros e uma boa resposta dada pelo nosso social-encapuchado.
é o leninismo da electricidade
“:O)))
ó pá, v.s com tanto materialismo na cabeça às vezes ficam tolinhos.
Tu não percebes que o post é bem mais do que “detalhes técnicos”? A questão de fundo está lá bem explicada- é o economicismo e nem se limita a esta treta dos supermercados. É muito mais, é a enorme alteração do sentido do trabalho que se tornou mecanismo de engorda.
Lé o post com cuidado, pensa no assunto para além dos chavõezecos neo-liberais, da urgência do lucro e da urgência da “liberdade” do homo economicus e do “mercado” e depois falamos.
Deixa os detalhes que não servem para nada.
Este post é um manifesto anti-burguês que devia ser completado com outras leituras no Dragão
ahahahah
É mesmo por aqui que se passa do marxismo para o neoliberalismo. Do mito da libertação pelo trabalho, à liberdade de nova escravidão por ele.
Ou quer-se lavagem cerebral mais primária e orwelliana que aquelas mensagens sobre os carros e a velhinhas que nunca roubaríamos que temos de aturar em todos os DVDs sem poder passar à frente?
Digo,
desses arautos da liberdade que são a RIAA e, cá na terra, a Passmúsica, e que tão diligentemente nos impingem a lógica dos direitos de reprodução.
Se os intentos dos ditos paladinos são beneméritos ou não, pouco importa.
Os argumentos para a manutenção da proibição são um barrete tão ou mais caricato que a carapuça da liberdade de associações afins.
E se vamos por aí, há outras ainda mais ridículas, como as que tão nobremente defendem a Arte, os artistas e a criação artística através desses arautos da liberdade que são os direitos de reprodução. Ars gratia artis…
aaha
Podes crer, é um grande texto. Estava a lê-lo e a pensar em ti.
Um postal brilhantíssimo.
Tenho que nomear o Carlos Cunha para director espiritual do Timshel. :O)